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Caro amigo Galvão,
O que falta a Israel e aos Árabes é o que nós estamos fazendo neste momento.
Mesmo com pontos de vistas divergentes, somos amigos e conseguimos expressar nossas ideias livremente.
Eu também discordo de você, as intransigências não somente partiram dos árabes, mas também dos judeus.
E lhe digo mais, essa triste intolerância sempre partiu de uma minoria, tanto de um lado como de outro.
Essas minorias são maldosas.
Usam sempre a religião para defender as suas posições.
Assim, os radicais fazem a festa e o grande povo, tanto da palestina, hoje subjugado e vivendo em guetos, quanto de Isarel, mesmo que próspero, sofrem com essa interminável questão, quem nunca será resolvida com violência.
Na realidade, a grande questão do Oriente Médio é por terra e por água. A religião apenas é usada.
Cada povo se acha no direito de possuir a terra prometida, por que acha que desde sempre aquilo lhe pertenceu.
Mas não é verdade. Pela história, antes de Abraão descer de Ur, na mesopotâmia, atrás da terra prometida, aquela região já era habitada.
A Palestina foi habitada desde os tempos pré-históricos mais remotos. A sua história esteve geralmente ligada à história da Fenícia, da Síria e da Transjordânia, que são povos limítrofes.
Talvez por causa da sua situação geográfica – faz parte do corredor entre a África e a Ásia e ao mesmo tempo fica às portas da Europa –, a Palestina nunca foi sede de um poder que se estendesse para além das suas fronteiras.
Pelo contrário, esteve quase sempre submetida a poderes estrangeiros, sediados na África, na Ásia ou na Europa.
Em regra geral, foi só sob as potências estrangeiras que ela teve alguma unidade política.
Assim, os argumentos que os dois povos atuais utilizam, de que “tenho direito porque cheguei primeiro”, cai por tabela.
Sucessivos povos foram senhores daquelas terras. Árabes e judeus são apenas mais um.
Pela história, a situação atual começou a se desenhar nos últimos séculos desse milênio.
Chegaram então à Palestina sucessivas vagas de imigrantes ou invasores vindos do norte e do noroeste, das ilhas ou do outro lado do Mediterrâneo.
Os historiadores costumam designá-los com a expressão Povos do Mar. Esses povos parecem ter-se fixado sobretudo ao longo da costa.
Os mais conhecidos entre eles são os Filisteus que se fixaram sobretudo no sudoeste (costa, oeste do Neguev e Chefela).
Aí fundaram vários pequenos reinos (Gaza, Asdod, Ascalão, Gat e Ekron).
Na verdade, os povos Judeus e Árabes são mais um das várias hordas de habitantes que aquela região obteve ao longo de milênios.
Então, porque eles seriam os verdadeiros donos da terra? Porque essa guerra fratricida? Afinal de contas, os dois povos (religiosamente falando) são descendentes de Abraão.
Porque não ceder às conversações, ao invés do uso maldoso da religião e das armas?
Os Judeus sempre foram pressionados a abandonar aquele espaço. As duas diásporas são provas disso.
A primeira diáspora foi a da Babilônia.
Com a conquista de Judá cerca de quarenta mil judeus foram deportados para a babilônia, onde floresceram como comunidade e mantiveram suas práticas e costumes religiosos, associados a outros costumes herdados dos babilônios.
A Segunda Diáspora aconteceu muitos anos depois, no ano 70 d.C.
Os romanos destruíram Jerusalém , e isso acarretou uma nova diáspora, fazendo os judeus irem para outros países da Ásia Menor ou sul da Europa e depois por todo o mundo.
A briga atual por terra começa aqui.
Depois dessa última expulsão, o judaísmo sempre conservou a esperança de que um dia todo o povo judaico disperso regressará ao que chama a Terra/País de Israel, onde se reunirá e viverá como nação, observando rigorosa e integralmente a Lei divina.
A nação judaica será, assim, inteiramente liberta da servidão das outras nações.
A redenção de Israel transbordará, estendendo-se a todos os seres humanos e ao mundo inteiro.
Tudo isso será obra de Deus, não do povo.
O grande problema é que a terra prometida já estava ocupada. Eis aí a razão dos conflitos atuais entre Judeus e Árabes.
Agora eu lhe pergunto, quem tem direito à terra?
Há outra solução, se não a conversa?