Empregos: Itafos volta a investir no Brasil e acelera produção com fertilizantes e nutrição animal
De olho nas possibilidades futuras que o mercado de fertilizantes pode apresentar no Brasil, a multinacional americana de fertilizantes fosfatados Itafos (lê-se Itafós) quer acelerar sua presença no mercado nacional.
Uma das maiores produtoras globais de fertilizantes, a empresa almeja expandir sua produção em Tocantins, triplicar seu faturamento no País nos próximos três anos e operar uma unidade produtiva nova no Pará a partir de 2030.
Um novo passo para esse planos deve ser dado já no mês que vem, quando a empresa pretende inaugurar um escritório em Luis Eduardo Magalhães, na Bahia, uma das cidades pólo do agronegócio no País, para potencialiizar sua presença na região do Matopiba – entre os estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – o principal mercado da empresa no Brasil.
A ideia é aproveitar o ponto estratégico para acelerar as vendas na Bahia. Hoje, o mercado baiano responde por 20% dos negócios da companhia e a meta é chegar a 30%.
A fotografia do momento atual é bem diferente de quatro anos atrás, em 2020, quando a Itafos resolveu interromper sua produção de ácido sulfúrico e mineração de fosfato em Arraias, no Tocantins, a 342 quilômetros de Palmas, na divisa com Mato Grosso.
Na época, a companhia havia decidido suspender a operação devido ao recuo nos preços dos fertilizantes minerais. No mesmo período, vieram a pandemia da covid-19 e a guerra no Leste Europeu, os preços dos insumos agrícolas dispararam e permitiram a volta da Itafos ao jogo.
O retorno da operação, inicialmente com a produção de ácido sulfúrico, em 2022, e depois com a produção de fertilizantes, em julho de 2023, exigiu um investimento de US$ 22 milhões, que envolveu a reavaliação de custos e da forma como a companhia opera, segundo Felipe Coutas, presidente da Itafos no Brasil.
Tudo isso com a intenção de que a empresa trabalhe de forma mais eficiente e esteja preparada para eventuais novas oscilações de preço de fertilizantes.
“Hoje, nós tiramos da mina um minério que é mais homogêneo, que traz menos complexidade para operação e tem oferecido resultado para a gente.”
Além disso, a Itafos diz ser a terceira maior empresa distribuidora de ácido sulfúrico do País.
Com a casa arrumada, a companhia agora quer triplicar seu faturamento à frente, passando de R$ 120 milhões neste ano para R$ 350 milhões em 2027, e ampliar seus volumes de produção.
No ano passado, segundo Coutas, a Itafos vendeu aproximadamente 100 toneladas de ácido sulfúrico e 33 mil toneladas de fertilizantes. Para este ano, o plano é manter o nível de vendas de ácido sulfúrico e escalar a produção de fertilizantes para 90 mil toneladas.
Apesar de representar um crescimento expressivo, o volume ainda está bem abaixo da capacidade produtiva total, de 500 mil toneladas, mas a ideia da companhia é ocupar essa ociosidade mais à frente.
A evolução dos negócios da empresa no Brasil também deve ocorrer a partir de um redirecionamento de prioridades.
Em agosto, a Itafos anunciou a venda, por US$ 21 milhões, de sua unidade de extração de nióbio e elementos de terras raras, localizada em Araxá (MG), para a mineradora australiana St. George Mining.
O empreendimento tem capacidade de produção anual de 700 mil toneladas de óxido de nióbio e de 8,7 milhões de óxidos de terras raras.
Por mais que o nióbio seja um ativo raro, valioso e importante no processo de transição energética, Coutas diz que a Itafos considerou que o momento era de focar nos fertilizantes – e não na mineração.
“Nós confiamos que existem empresas, como foi o caso da St. George, que possuem um know-how maior do que o nosso para desenvolvimento desse projeto”, afirma.
Olho no Pará
Para os próximos anos, a Itafos também quer ampliar suas operações, chegando ao Pará, mirando o mercado de nutrição animal para atender às criações de gado do Estado, que detém o segundo maior rebanho bovino do País.
Em São Felix do Xingu, na divisa com Mato Grosso, a ideia é produzir 300 mil toneladas de fertilizantes e 200 mil toneladas de fosfato bicálcico, usado na nutrição animal.
“No Pará, são 2 milhões e 400 mil bois. Então, faz muito, sentido tendo um projeto dessa magnitude naquela região, produzir não apenas fertilizantes, mas também um produto para nutrição animal”, afirma Coutas.
A intenção é alcançar toda a região do Arco Norte. “Nós atenderíamos o Leste do Mato Grosso, o extremo norte do Tocantins, Pará, Maranhão, Piauí, com produtos de alta concentração”, diz o CEO da Itafos.
O projeto, que pode ser feito pela Itafos ou em conjunto com um “parceiro estratégico”, segundo Coutas, ainda depende de aprovações regulatórias para seguir adiante.
“O planejamento vai acontecendo à medida que as aprovações vão ocorrendo”, completa.
Com Texto da AgeFeed