Vírus agressivo e letal: quatro pessoas da mesma família morrem no prazo de 13 dias em Planaltina (GO)
Quatros pessoas da mesma família morreram no intervalo de 13 dias por conta do novo coronavírus (Sars-Cov-2), em Planaltina, no Entorno do Distrito Federal.
A primeira morte foi a de irmã de Natanailton, a auxiliar de cozinha Selma Lourenço de Brito, de 43 anos. Segundo o servidor público, a irmã tinha doença de chagas, insuficiência respiratória e obesidade.
Logo após a irmã ficar doente e morrer, Natanailton conta que o avô, Vitor Ferreira de Brito, de 98 anos, o pai Sidinei Lourenço Xavier, de 68 anos e a mãe Olga Ferreira Xavier, de 69 anos, também ficaram doentes e foram internados.
A segunda vítima da doença na família foi Vitor. Ele era o pai de Olga. O idoso morreu no dia 26 de maio.
A terceira pessoa da família a morrer foi o pai de Natailton. Ele faleceu na última quinta-feira (28). Três dias depois, neste domingo (31), a mãe do servidor público também morreu devido à Covid-19.
Tanto ele, quanto a mãe de Natanailton, quando começaram a passar mal foram levados para o Hospital São Camilo, em Formosa, e depois transferidos para o Hospital Garavelo, em Goiânia.
Preconceito
Natanailton diz que desde que os familiares morreram uma parte da população da cidade tem sido preconceituosa com a família.
Ele afirma que não sabe como os pais e o avô se infectaram. “Dizem por aí que eles (pais e avô) estavam saindo pela cidade. Isso não é verdade.
Além do pai, da mãe, do avô e da irmã, Natailton, que tem mais cinco irmãos, conta que outras pessoas da família também se infectaram com a Covid-19. “Eu, minha esposa e um dos filhos da Selma adoecemos”, diz.
Porém, de acordo com ele, todos os protocolos que os órgãos de saúde passaram foram seguidos à risca.
Natailton conta que todos os quatro sepultamentos foram feitos seguindo todas as normas. “Nenhum caixão foi a aberto. A partir do momento que fui diagnosticado com a Covid-19 não pude ter mais contato com ninguém. Então, acompanhei o enterro da minha mãe, por exemplo, de dentro do meu carro, na porta do cemitério”, esclarece.
Saudade
Natanailton diz que toda a família é evangélica e que, por isso, estão conseguindo lidar com mais serenidade com as mortes. “Meu pai era pastor e minha mãe era missionária.
O servidor público também faz um alerta sobre a Covid-19. “O vírus é verdadeiro. Por isso, as pessoas precisam se conscientizar mais e tomar cuidado quando forem sair de casa. É preciso usar máscara, álcool em gel e tomar todas as precauções”, afirma.
Natailton explica que não sabe como serão os próximos dias. “Eu não consigo pensar o que será daqui para frente. Meus pais moravam em frente à minha casa. Fazia tudo por eles. Eles eram tudo para mim. Vamos ter que reaprender a viver”, relata.
Assistência
O servidor público ressalta ainda que a prefeitura de Planaltina não deu a assistência necessária à família.
O servidor público fala que só recebeu atendimento depois que procurou um hospital no Distrito Federal. “Fiz o teste, me passaram remédios e me mandaram para casa. Só depois disso foi que eu melhorei”, relata.
Segundo Natailton, nenhum dos exames para o diagnóstico da doença nos membros da família foram feitos através da prefeitura. “Todo mundo que fez teve que pagar para fazer em Brasília”, conta.
O secretário municipal de Comunicação de Planaltina, Lázaro Reis, informou que o teste da Covid-19 foi oferecido à Natanailton.
Em relações às condições do Hospital Municipal, Reis esclareceu que a nova administração municipal assumiu o comando há cerca de 60 dias e desde então, tem voltado todos os esforços para deixar o hospital nas melhores condições possíveis para receber e tratar pacientes.
Primeiro caso
A prefeitura de Planaltina informou ainda que acredita que o primeiro caso da doença na família pode ter sido de uma tia de Natailton. Edna Lourenço Xavier de Vasconcelos, de 61 anos, morreu no dia 13 de maio por pneumonia aguda.
O secretário de Comunicação da prefeitura de Planaltina informou que depois das mortes da irmão, do pai, da mãe e do avô de Natanailton, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da cidade começou a suspeitar que a idosa, que foi internada no dia 10 de maio, no Hospital Municipal da cidade, estava com a Covid-19.
Segundo ele, ela não foi testada porque durante o protocolo de atendimento, os médicos avaliaram que não havia necessidade. “Os médicos chegaram à conclusão de que ela não tinha um histórico que indicava a possibilidade de ser Covid-19 porque ela não passou por locais com grande circulação da doença, nem teve contato com ninguém doente”, esclarece.
Segundo o último boletim epidemiológico de Planaltina, divulgado pela prefeitura nesta segunda-feira (1º) a cidade já tinha 9 vítimas do novo coronavírus e 73 casos confirmados da doença, sendo que 20 já se recuperaram e 4 estão internados.