Jogo do Tigrinho furta dinheiro de clientes e deixa bilionários influenciadores e donos de bancas
Que o brasileiro é apaixonado por jogos e sempre em busca de ganhar dinheiro fácil, isso não é novidade para ninguém.
Foi de olho nessa vulnerabilidade psicológica que os donos de casas de apostas virtuais e influenciadores apostaram, e agora estão se tornando bilionários.
A receita é simples. Eles tiram dinheiro dos apostadores por meio de artimanhas psicológicas, e se apropriam dos bilhões deixados por milhões de famílias desatentas.
É um cassino eletrônico em que a casa nunca perde. Apenas os jogadores perdem.
Por isso, virou uma febre na internet e nos celulares.
Não é difícil se deparar com uma publicidade do “Fortune Tiger”, o “Jogo do Tigrinho”, em alguma rede social ou promovida por influenciadores que divulgam a plataforma.
No entanto, tanto os jogos quanto a sua promoção são proibidos por lei no Brasil. Além da promessa de ganhos fáceis, golpistas criam links maliciosos para roubar dados e até plataformas nas quais os jogadores são premiados facilmente em uma versão demonstrativa, mas começam a perder assim que depositam dinheiro no jogo.
O “Jogo do Tigrinho” funciona como um cassino online, em que os jogadores recebem a promessa de ganhar grandes quantias.
Para isso, o apostador precisa fazer uma combinação de três figuras iguais nas três fileiras que aparecem na tela. No Brasil, a popularidade dessa plataforma cresceu devido à intensa divulgação realizada por influenciadores digitais e supostos jogadores que apresentam suas “táticas” para aumentar as chances de premiação.
O esquema é o seguinte: o dono da banca faz um acordo com um influenciador que possui milhões de seguidores, como a advogada Deolane Bezerra, presa nesta semana.
Para o influenciador, a banca envia um link de um algoritmo que permite que ele ganhe várias vezes. Ele se filma jogando e divulga o vídeo nas redes sociais, com a promessa de receber uma porcentagem dos ganhos. Às vezes, essa comissão chega a 50%, dividida entre o influenciador e o dono do cassino.
Com a isca lançada, jogadores desavisados começam a jogar, esperando ganhar dinheiro fácil como a influenciadora. Mas o algoritmo que é enviado ao público é diferente: nele, apenas a banca ganha.
Esse algoritmo pode ser programado de várias formas. Em alguns casos, os jogadores ganham inicialmente, mas não conseguem sacar o dinheiro até atingir um limite, como R$ 5 mil. O jogador continua apostando para alcançar o valor do saque, mas, depois, a máquina é programada para recuperar tudo, e ele começa a perder.
Nesse jogo psicológico, muitas pessoas perdem até R$ 10 mil em questão de minutos. Nas redes sociais, há inúmeros relatos de perdedores e suas famílias devastadas.
Jogos de azar, como o do Tigrinho, são proibidos no Brasil há muitos anos, conforme o decreto-lei nº 9.215, de 30 de abril de 1946.
Mesmo assim, esses jogos são conhecidos por aqui, seja por meio de filmes ambientados em Las Vegas, nos Estados Unidos, ou de relatos de jogadores.
E uma frase é recorrente nesses contextos: “A banca sempre ganha.” Ou seja, cria-se a ilusão de “dinheiro fácil”, mas o jogo dificulta ao máximo que o apostador seja premiado, forçando-o a gastar cada vez mais pelo sonho da “vitória”.
Isso foi exposto em dezembro do ano passado, quando uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, revelou que influenciadores estavam promovendo o “Jogo do Tigrinho” com a promessa de retorno financeiro fácil.
A dica é: não entre, você vai tomar fumo grosso.