DF é obrigado a indenizar idoso por aplicação “falha” de vacina. Líquido não entrou no braço
- On:
- 0 comentário
O Distrito Federal foi condenado a indenizar um idoso de 80 anos pela ausência de efetiva aplicação da primeira dose da vacina contra a Covid-19.
A juíza do 2º Juizado Especial da Fazenda Pública do DF entendeu que houve conduta lesiva do Estado.
A família do idoso informou que no dia 02 de fevereiro o idoso foi ao posto de saúde nº 01 do Gama (DF) para tomar a primeira dose da vacina contra a Covid-19.
O procedimento foi filmado por familiares, que disseram que embora a agulha da seringa tenha sido introduzida em seu braço, foi verificado que o conteúdo não teria sido inoculado em seu organismo.
Dois exames sorológicos foram feitos após a aplicação e deram resultado negativo. Por isso, pediram indenização por danos morais e materiais, além de aplicação de novas doses de vacina preventiva contra o Covid-19.
Em sua defesa, o DF afirmou que a presença de anticorpos indica que houve a devida aplicação da vacina. O governo argumentou que não praticou qualquer ato ilícito e que não há dano a ser indenizado.
Ao julgar, a magistrada observou que, a partir da análise do vídeo apresentado pelo autor, “há dúvida além do razoável, quanto à efetiva aplicação da primeira dose da vacina”.
A situação, segundo a juíza, é confirmada pelos resultados dos dois exames sorológicos feitos depois do dia 02 de fevereiro. “Tendo em vista o contido na exordial e na réplica, em especial quanto à certeza autoral de que não tomou a 1ª dose e que outra e derradeira a ser tomada será apenas a 2ª, conclui-se que, ainda que o demandante tenha apresentado alguma imunidade superveniente, as provas apresentadas dão conta de que na primeira oportunidade não houve de fato a inoculação, tal qual defendido pelo demandante”.
No caso, segundo a juíza, houve conduta lesiva do Estado que ofende o patrimônio moral do autor.
“Pode-se concluir que o sentimento de sofrimento e abalo da saúde do autor, idoso de 80 anos de idade, uma vez comprovada a inefetiva aplicação de dose da vacina essencial à proteção de sua saúde e vida, representa inadmissível quebra de confiança do cidadão quanto à boa-fé objetiva que se espera de agentes do Estado, além de atentar contra a própria dignidade da pessoa humana”, afirmou.
Dessa forma, o Distrito Federal foi condenado a pagar ao autor a quantia de R$ 10 mil a título de danos morais e reembolsar o valor de R$ 480,00, referente ao que foi pago pelos dois exames sorológicos.
O réu terá ainda que disponibilizar a derradeira dose da vacina Oxford-Astrazeneca/Fiocruz, respeitado o intervalo preconizado de 12 semanas.