Após 55 dias de intervenção federal no Rio, general se diz preocupado com tempo

Cinquenta e cinco dias após o início da intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, o general Walter Braga Netto, comandante Militar do Leste e interventor federal, atribuiu a redução dos índices de violência no estado a um trabalho de gestão e motivação. 


O militar fez um balanço da missão em palestra realizada no Superior Tribunal Militar (STM), nesta quinta-feira (12/4), e se mostrou preocupado com a falta de tempo na solução dos problemas de segurança pública no Rio no prazo de um ano.

No início da exposição, disse que tem buscado criar uma cultura “anti-vazamento” das operações – e citou a mais recente atividade contra a milícia, em que 159 pessoas foram presas na Zona Oeste do Rio – na segurança pública do Rio de Janeiro. 


Ao mostrar fotografias de algumas comunidades da cidade, como o Jacarezinho, falou sobre a dificuldade de cumprir mandados de busca e apreensão. “Eu nunca falei em mandado coletivo. 

O que tem sido feito são mandados em pequenas comunidades.” O general, porém, chamou a atenção para a “dificuldade de se localizar dentro de uma operação dessas”.

“Uma coisa que me surpreendeu foi o nível de profissionalismo do bom policial militar e civil, porque os índices caíram apenas com gestão e motivação”, afirmou Braga Netto, muito aplaudido pela plateia de militares que prestigiou a fala. 


Em pouco mais de uma hora, o general exibiu slides e explicou, sem muitos detalhes, os passos dados na intervenção até agora.

De acordo com dados exibidos por Braga Netto, houve uma redução nos índices de violência entre janeiro e abril de 2018. 


Caíram, segundo ele, os crimes letais, os roubos de veículos, os roubos de rua. “Eu estava muito preocupado com a Semana Santa, que foi o primeiro grande feriado depois que a intervenção começou. Mas em relação a 2017, tudo caiu”.

O interventor bateu na tecla de que a intervenção é federal, e não militar. 


Disse que, ao saber que tinha sido escolhido para o cargo, numa sexta à noite, estava sozinho – e precisou começar tudo do zero, muito embora já tivesse atuado em outras grandes operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no Rio de Janeiro.

 “A intervenção é federal, não me perguntem porque foi designado um militar na ativa para ser o interventor”, lançou. 

“A intervenção federal tem um componente militar e o componente da segurança pública. O componente militar só atua mediante demanda da segurança pública.”

O general se mostrou preocupado com o tempo, uma vez que a intervenção tem prazo de validade e expira em 31 de dezembro deste ano. 


“A crise passa muito pela parte financeira. Minha maior preocupação é a execução financeira desse R$ 1,2 milhão num tempo hábil”, desabafou, referindo-se ao emprego do recurso destinado pelo Governo Federal à intervenção. 

O militar afirmou, ainda, que tem falado com o Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a necessidade de dispensa de licitação para que o uso dessa verba não seja comprometido.

 “Lógico que o tempo não é suficiente para que a intervenção resolva o problema.”


Texto: Jota

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