Igreja Católica reage a acusações de desvios e sai em defesa de bispo em Formosa (GO)

O arcebispo de Uberaba, d. Paulo Mendes Peixoto, nomeado administrador apostólico da diocese de Formosa (GO) após a prisão do bispo local, d. José Ronaldo Ribeiro, relatou nesta segunda-feira, 16, em sessão privada, a situação para os participantes da Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em Aparecida, mostrando as dificuldades que está enfrentando para acompanhar o processo.
“D. Ronaldo foi preso no dia 19 de março a pedido do Ministério Público de Goiás, com mais dez pessoas, em consequência de denúncias que parecem não terem fundamento”, disse d. Paulo ao Estado, ao lado de d. José Aparecido Gonçalves de Almeida, bispo auxiliar de Brasília e canonista (especialista em Direito Canônico, formado em Roma), seu assessor jurídico no caso. Dois funcionários e um advogado da Cúria de Formosa foram libertados na semana passada e respondem às denúncias em liberdade.
O arcebispo de Uberaba, seu assessor jurídico d. José Aparecido e o advogado da CNBB, Lucas Maia, iniciaram suas investigações com o trabalho burocrático nos cartórios para assumir as funções dos acusados presos. Os três advogados da Cúria de Formosa foram dispensados.
O extrato das contas da Cúria, referente aos meses de fevereiro e março, registrava entradas no total de R$ 151 mil, despesas de R$ 147 mil, cerca de R$ 4 mil de renda com um estacionamento e dívida de R$ 115 mil com o Seminário Maior de Brasília. Havia em caixa pouco mais de R$ 35 mil reais.
“Ainda estamos investigando, mas parece-nos, até agora, que uma fazenda para criação de gado e uma casa lotérica que, conforme as denúncias, teriam sido compradas com dinheiro desviado da contribuição do dízimo, na realidade foram adquiridas pelo padre da paróquia de Posse com recursos recebidos de herança”, disse o administrador apostólico.
Quanto à denúncia de que um monsenhor guardava dinheiro (cerca R$ 70 mil) no fundo falso de um armário, d. Paulo apurou que eram recursos destinados para construção da matriz, escondidos por medo serem roubados.
D. Paulo Peixoto admite a possibilidade de recorrer ao Acordo Brasil – Santa Sé, para obter a absolvição de d. Ronaldo e de seus colaboradores.
Fonte: Estadão Conteúdo