Comandante da PM acusa líder sem-terra de arrecadar R$ 50 mil por mês






Reportagem do Fato On Line


Os conflitos agrários na zona rural do nordeste goiano vêm despertando a atenção das autoridades federais. 


De um lado, trabalhadores rurais invadem propriedades com o objetivo de cobrar do governo federal a execução do Programa Nacional de Reforma Agrária. 


Do outro, fazendeiros cobram uma ação do governo e da Justiça para garantir a integridade de suas propriedades.


No meio dessa disputa, a Polícia Militar de Goiás age para tentar evitar novas invasões e cumprir reintegrações de posse determinadas pela Justiça em nome dos produtores rurais.


“Quando a Justiça determina a retirada desse pessoal, nós retiramos. Só que logo depois eles retornam. Eles não estão afrontando a Polícia Militar, mas a própria Justiça, o desembargador do estado, o juiz, o promotor, o governador. Não tem controle mais isso, a verdade é essa. 


Há sim risco de um confronto”, desabafa o comandante da 14ª Companhia Independente da Polícia Militar de Alto Paraíso, major Carlos Eduardo Belelli.


Para o militar, os movimentos sociais não estão procurando promover a reforma agrária, mas “vandalismo”. Segundo ele, há diversos crimes sendo cometidos pelos invasores. 


“Logo percebemos situações ilegais e passamos a investigar. Detectamos indivíduos com passagens criminais e flagramos crimes ambientais e maus tratos a animais, por exemplo”. 


Belelli alega que prendeu Hugo Zaidan pelo menos três vezes por crime de receptação, ameaça e desacato.


De acordo com cálculos da Polícia Militar, baseados no quantitativo de famílias dos acampamentos que ele controla, a renda mensal de Hugo seria de cerca de R$ 50 mil. 


“Ele manipula as pessoas e cobra taxa de ocupação. Ele tira, no mínimo, R$ 50 mil aqui na nossa região. E quem não paga ele expulsa do acampamento”, relata.


Outra acusação grave feita pelo comandante é que a Policia Militar teria identificado “táticas de guerrilha” nos acampamentos dos sem terra. “Eles utilizam idosos, crianças e barreiras. 


Isso é tática de guerrilha colombiana. Já encaminhei aos órgãos competentes informações sobre indivíduos que saíram daqui para fazer curso no interior de São Paulo com guerrilheiros das Farcs”.


“Pacto recíproco”



Em defesa do major Belelli, o produtor rural Edílson Sousa reconhece a gravidade da situação e diz que, desde a chegada do policial na região, o número de invasões a propriedades privadas e os índices de criminalidade diminuíram drasticamente. 


A fazenda Nova Era, comprada ainda nos anos 80, para investir na plantação de cana-de-açúcar e no extinto programa do governo federal, Pró-alcool, fica a 28 km de São João da Aliança, no caminho para Alto Paraíso, destino turístico conhecido com a capital da Chapada do Veadeiros e dentro da região de intensa atuação dos movimentos sociais.


“A tragédia é iminente porque vai havendo uma acirração dos ânimos. O risco é grande. E o major Belelli é um herói. Ele vem fazendo um trabalho muito bom e, no dia que ele sair, a confusão vai ser grande”.


Um dos maiores produtores de feijão de Goiás, Edílson está há mais de 30 anos na região e planta ainda soja, milho, trigo e outros insumos. Segundo ele, suas terras são produtivas e empregam 72 funcionários registrados. 


Mas, com as frequentes invasões, ele já deixou de investir e pretende apenas manter o que já conquistou em três décadas de trabalho.


“A situação é desalentadora. Minha preocupação é permanente e, por isso, parei de investir porque de uma hora para outra a minha fazenda pode ser invadida e a vida da minha família ficar em risco”, lamenta. 


Segundo ele, tudo por causa do “idealismo de Hugo Zaidan, que acha que está acima da lei”.


Mesmo com tudo isso, Edílson se diz disposto a defender sua propriedade e revela um “pacto de ajuda recíproca” entre os fazendeiros de São João da Aliança e de Formosa. 


“Se houver uma tentativa de invasão eu vou esperar a solidariedade de todos os fazendeiros, assim como serei solidário com todos dos demais. Afinal, é legal você defender a invasão da sua propriedade”.


Mas antes de partir para o uso da força, o fazendeiro já recorreu à Justiça e conseguiu o interdito proibitório para prevenir a invasão de suas terras.


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