Lideranças Kalugas e autoridades políticas recebem a Ministra dos Direitos Humanos em Cavalcante (GO)

Por Evônio Madureira,


Os dirigentes das associações kalungas de Cavalcante (GO), Teresina de Goiás e Monte Alegre de Goiás, Vilmar Souza, Damião Moreira, Jorge Moreira, Eriene, Sidene, Ester, a Vice-Prefeita de Cavalcante, Celiara, o presidente da Câmara de Vereadores de Cavalcante (GO), Rui Maciel, os prefeitos Josaquim Miranda de Teresina e Juvenal Fernandes de Monte Alegre de Goiás, acompanhados de vários vereadores e secretários receberam nesta segunda(10), a visita da Ministra dos Direitos Humanos, Luslinda Valois. 


A ministra foi a Cavalcante para conhecer o trabalho dos direitos humanos que está sendo realizado na comunidade kalunga do município de Cavalcante pelo Ministério Público do Estado de Goiás. 


Ela ficou menos de meia hora reunida com as lideranças kalungas. Em seu breve discurso na casa kalunga, a ministra disse que estava em Cavalcante para saber como estão sendo tratado o povo preto daquele lugar. 


A ministra se referia aos casos de denúncia de abuso sexual com as meninas kalungas e a falta de políticas públicas para melhoria da qualidade de vida das comunidades quilombolas. 


Luslinda estava acompanhada da superintendente de Promoção da Igualdade Racial do Estado de Goiás, Marta Ivone de Oliveira Ferreira.


Da casa kalunga a ministra foi se reunir com a Promotora Úrsula Catarina Fernandes da Silva Pinto, titular da Promotoria de Justiça de Cavalcante, No encontro, Dra. Úrsula Catarina expôs vários assuntos afetos à comunidade calunga, em especial os projetos já executados pela promotoria local. 


Em seguida, reuniu-se com o juiz da comarca, Pedro Piazzalunga Pereira. A ministra pediu celeridade nos processos e que os culpados sejam punidos com os rigores da lei.


Relembrando o caso


A Polícia Civil de Goiás concluiu pelo menos oito inquéritos, só em 2015, com denúncias sobre o uso de meninas como escravas sexuais. 


As vítimas, entre 10 e 14 anos, são descendentes de escravos nascidas em comunidades quilombolas kalungas da Chapada dos Veadeiros. 


Sem o ensino médio e sem qualquer possibilidade de emprego além do trabalho braçal em terras improdutivas nos povoados onde nasceram elas são entregues pelos pais a moradores de Cavalcante.


Na cidade de 10 mil habitantes, no nordeste de Goiás, a 310km de Brasília, a maioria trabalha como empregada doméstica em casa de família de classe média. Em troca, ganha apenas comida, um lugar para dormir e horário livre para frequentar as aulas na rede pública. 


Elas ficam expostas a todo tipo de violência. A mais grave, o estupro, geralmente cometido pelos patrões.


Avanços


Para tentar resolver os casos de abusos, várias entidades estão tomando medidas emergenciais. 


A Polícia Civil já mandou uma caminhonete traçada para o município para que os agentes cheguem às comunidades mais isoladas. Além disso, uma escrivã e mais um agente estão atuando no local.


O Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) encaminhou uma equipe com psicólogos e assistentes sociais para atuar no auxílio às vítimas. Um juiz corregedor também acompanha o andamento dos processos. 

Deixe um comentário