“Meu sonho é existir”, diz jovem de 20 anos, de Paranã , que procurou a DPE-TO por não ter nenhum documento
Em um atendimento itinerante realizado no município de Lagoa da Confusão, a 191 km da Capital do Tocantins, Palmas, uma jovem de 20 anos, acompanhada das irmãs, procurou a Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO) e disse que seu sonho “é existir perante a sociedade”.
“Estou prestes a realizar um sonho”, disse ela, de forma tímida, no atendimento. Com o auxílio da irmã, contou sua história e o nome escolhido para constar nos documentos: “Meu nome é Thaynara”, disse.
A falta de documentos impede Thaynara de trabalhar, estudar, viajar, ser atendida na rede pública de saúde, entre outros serviços essenciais aos quais não tem acesso.
A jovem foi deixada pela mãe biológica com uma cuidadora em Balsas, no Estado do Maranhão, quando tinha dez dias de nascida. Logo depois disso, a genitora sumiu sem deixar qualquer informação sobre seu destino e sobre quem seria o pai da bebê.
Quando Thaynara tinha três anos a mãe adotiva faleceu, e não havia procedido com os trâmites legais para adoção, deixando a criança sem nenhum documento.
Os anos foram passando e Thaynara seguiu morando com os irmãos. Quando completou 18 anos, ela tentou buscar uma solução para o seu caso, mas as tentativas não foram exitosas.
Procedimentos
De acordo com a defensora pública Letícia Amorim, que atendeu Thaynara, o caminho jurídico é pedir o reconhecimento post mortem (pós-morte) com vínculo de afetividade.
Letícia Amorim explicou que a ação de Thaynara está andamento e que a Defensoria Pública atuará em todas as frentes possíveis para regularizar a situação da jovem.
Futuro
A timidez de outrora deu espaço, no rosto da jovem, a um sorriso de esperanças. “Acho que quando eu tiver meus documentos eu vou ter outra vida, sem os meus documentos eu não posso fazer nada”, disse com entusiasmo. Thaynara sonha com o dia em que poderá existir, de fato, perante a sociedade.
A história da jovem marcou também a Defensora Pública, que relembrou de outros atendimentos semelhantes às pessoas privadas do direito de existir oficialmente, devido a falta de documentos.
“Foi triste constatar que, passados quase seis anos de um atendimento semelhante que fiz em Paranã (TO), os sertanejos invisíveis continuavam a existir nos rincões do Estado.
Atualmente, a jovem mora com uma das irmãs e ajuda nos cuidados de um irmão com deficiência.
Foto
A imagem que ilustra esse texto é um registro do dia do atendimento itinerante em Lagoa da Confusão.