Campos Belos: morre seu Dezinho do Bar, pai do radialista Mário

Por Jefferson Victor,


Morreu nesta quarta-feira (26), de causas naturais, em Brasília, José Pereira Santos, 91 anos, mais conhecido como Seu Dezinho do bar.

Segundo familiares, ele estava internado no Hospital Santa Lúcia em Brasília onde passava por tratamentos dos rins, e nesta madrugada não resistiu a uma sessão de hemodiálise e veio a falecer.

Seu Dezinho era pai de Ailtinho, Gildásio, Mário, Hamilton, Ivan e Avelino, moradores em Campos Belos, de João e Mariana, conhecida como Merieme, ambos moradores de Brasília, além de Marilene residente em Teresina Goiás.

Ele deixa também vinte e um netos e onze bisnetos.

O bar do Seu Dezinho é o mais antigo do ramo em funcionamento na cidade, funciona há cerca de quarenta anos e tem como clientes assíduos seus próprios filhos e a turma do Renascença que sempre marca presença no recinto.

Seu Dezinho era baiano, e há cerca de sessenta anos, veio com seus pais e irmão para a Boa Vista, no município de Arraias –TO, a viagem durou dez dias de caminhada, já que não havia transporte alternativo naquela época.

Atraídos pela construção de Brasília, todos seus irmão seguiram para a futura capital, mas ele conheceu e casou-se com dona Guilhermina, conhecida como Pretinha e aqui formou família e permaneceu até seus últimos dias.

Ele era contador de Causos, e divertia seus clientes com suas belas histórias e com suas respostas imediatas, sabia sair de situações adversas.

Se alguém pedisse cerveja gelada ele retrucava dizendo que não vendia cerveja quente ou congelada, era no ponto, e se desconfiasse que o freguês iria deixar fiado, ao pedir a bebida ele já perguntava se o dinheiro estava trocado, experiência pura para não levar prejuízo.

O barzinho era bem simples, de uma certa forma até rústico, a cerveja inicialmente era de geladeira, mais tarde freezer, os bancos para sentar eram troncos de madeiras cortados, e isto tudo atraia seus fieis clientes.

Devoto de Nossa Senhora da Conceição, era amigo de todos os padres que aqui chegavam, e sempre o procuravam para um bom dedo de prosa.

Seu Dezinho não frequentou escolas porque seu pai não deixava, na concepção dele, escola só servia pra ensinar relaxo, porém, era um exímio matemático, fazia suas anotações e somas, e tinha boa memória para saber quem eventualmente ficava devendo a conta.

Ele dizia que a primeira cerveja que vendeu foi uma Malt 90 e sabia até quem foi o consumidor daquela primeira venda.

Se orgulhava de dizer que nunca comprou bebida fiado, talvez fosse até mesmo uma estratégia para indiretamente dizer que se sentia incomodado em vender fiado, mesmo para os seus melhores frequentadores.

Com a morte de seu Dezinho, mais uma parte da história de Campos Belos se vai, infelizmente nossos velhinhos estão morrendo e com eles vários fatos que vivenciaram deixaram de ser registrados em nossos acervos.

Desde já expressamos aos seus familiares os nossos mais sinceros sentimentos pelo seu passamento, rogando a Deus que console cada um neste momento de dor.


Seu corpo está sendo velado na Rua dos Garimpos, esquina com Adelino José dos Santos, e o sepultamento está previsto para essa quinta feira (27) no cemitério local às dez horas.

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