Em Alto Paraíso de Goiás, pastores são acusados de espancarem jovem que reclamou de barulho. Religiosos afirmam que foram atacados
Por Roberto Naborfarzan, de O Vetor
Segundo relatou Carlos Henrique à reportagem do Jornal O VETOR, na noite de segunda feira, 24, por volta de meia noite, estava sendo incomodado com um som alto, semelhante ao de uma lixadeira, que o impedia de dormir.
Que se dirigiu a igreja, bateu no portão e depois de algum tempo foi atendido pelo Bispo Claudio, que iniciou uma discussão, se transformando em empurra, empurra.
Algemado e levado ao hospital, onde deram pontos no corte abaixo do olho esquerdo, mesmo sangrando, o jovem frentista foi levado pela Polícia Militar à Delegacia de Polícia Civil para o registro de ocorrência.
Ainda muito machucado, com hematomas por todo o corpo, com suspeita de fratura nasal e com danos no olho esquerdo, Carlos Henrique disse que, com auxílio de parentes e amigos, foi até Formosa na quarta-feira, onde fez exame de corpo de delito no IML daquela cidade.
Carlos Henrique atendeu a reportagem de O VETOR na casa de um parente, ainda assustado e muito machucado, se movimentando com dificuldades, com o olho esquerdo ainda muito inchado.
Familiares e amigos estão se unido para tentar angariar recursos para pagar um advogado que acompanhe o caso mais de perto, inclusive para que chegue até o Ministério Público e ao Tribunal de Justiça.
Comunidade revoltada
Pelas redes sociais, a comunidade Alto-Paraisense se mostra revoltada com as agressões feitas contra Carlos Henrique, conhecido por seu jeito calado, trabalhador e sempre educado com as pessoas.
Reações exacerbadas e muitas acusações começam a surgir contra o Bispo Claudio, que deverão ser esclarecidas no bojo das investigações iniciadas pela Polícia Civil.
“O que precisa ser feito é colher as digitais desse pastor, porque desconfia-se que até o nome que ele usa é falso, há acusações gravíssimas contra ele” cita um morador revoltado com a violência cometida contra o jovem frentista.
Um grupo mais exaltado em uma rede social está falando em promover desde um buzinaço na porta da igreja, até em agressão física.
Outro grupo, mais ponderado, alerta que violência só gera mais violência e não recomenda fazer justiça com as próprias mãos, mas disse que vão acompanhar atentamente, de perto, o trabalho da Polícia no caso “Isso Não pode ficar impune, o que esses dois, que se dizem representantes de Deus, fizeram, é coisa de bandidos da pior espécie”, frisa um membro do grupo.
Polícia Militar
No registro de ocorrência, os Policiais Militares que se deslocaram até o local afirmaram que, acionado pela Central de Operações Policias Militares – COPOM, para atender uma ocorrência de Lesão Corporal na Rua Francisco Candido (Setor Monte Sinai), quando se depararam com dois homens agredindo um rapaz, e que um dos policias ordenou que parassem com as agressões.
Ainda sendo o registro policial, “assim que cessaram as agressões, foram ouvidas as partes (vitima e agressores). O senhor Carlos afirmou que foi até a igreja reclamar do barulho de um som, quando começou a ser agredido pelo senhor Claudio.
Membros da comunidade questionam porque o jovem não ficou internado no hospital municipal apesar de bastante ferido, e que após passar apenas pelo processo de sutura em um ferimento abaixo do olho esquerdo, foi levado para a delegacia de Polícia Civil, onde chegou com fortes dores e sangramento, e porque, mesmo assim não foi encaminhado ao IML de Formosa.
Por Telefone, o comandante da 14ª CIPM, Major Júnio dos Santos Ferreira, disse ao Jornal O VETOR que, segundo relatos dos Policias Militares que atenderam a ocorrência, cerca de vinte pessoas tentavam invadir o hospital para agredir o Bispo e seu filho, por isso foi necessário o uso de arma não letal (Spray de pimenta) para conter os ânimos.
Quanto a não internação, não houve manifestação por parte da equipe médica que atendeu o paciente para essa necessidade.
“Parabenizo a participação e interesse da comunidade no caso, pois acredito na integração das policias com a população. Nossos comandados estão prontos para servir e agir dentro da legalidade e do melhor para o município, seus moradores e também aos visitantes” apontou o comandante.
Polícia Civil
Ao Jornal O VETOR, a delegada de Polícia Civil em Alto Paraíso de Goiás, doutora Maria Isabel Pires Ramalho, afirmou que os procedimentos realizados pelos agentes durante o plantão noturno seguiram o protocolo.
“Estamos aguardando o laudo do IML, que mostrará a gravidade das lesões sofridas pela vitima. Vamos ouvir novamente todos os envolvidos e se necessário abriremos inquérito policial a ser encaminhado ao poder judiciário. Em casos de Lesão Corporal Grave a pena é de 1 a 5 anos.” Cita a delegada.
“Quero deixar claro que o trabalho que vem sendo feito pela Polícia Militar em Alto Paraíso tem melhorado muito a sensação de segurança da comunidade.
Bispo dá sua versão
Procurado pela reportagem do O VETOR, o Bispo Claudio Morais, fundador da Igreja Renascer de Deus, afirma que tem lutado muito ao longo dos últimos anos para construir a sede da Igreja e que, devido a falta de recursos, ele e seu filho, o Pastor Daniel, trabalham na mão de obra, sem dia nem horário de descanso.
Que se dirigiu até lá, quando viu o jovem, seu vizinho, vindo em sua direção esbravejando palavrões e lhe deu um chute na barriga afirmado que iria mata-lo.
Nesse momento, diz o Bispo, seu filho, o Pastor Daniel, veio em seu socorro achando que estava sendo esfaqueado, e desferiu socos no rosto e na cabeça, depois deu uma gravata tipo mata-leão em Carlos Henrique para o conter, mas mesmo assim ele continuava a reagir, até que, com muito custo, conseguiram contê-lo até a chegada da Polícia, chamada por sua esposa.
Já o Pastor Daniel afirma que, ao ver seu pai ser agredido, reagiu dando socos e depois uma gravata no jovem vizinho, que já havia rolado pelo chão em luta corporal com seu pai.