Campos Belos anos 70: Futebol, Toca do Coelho, Kampuba e Cine Reges
Por Jefferson Victor,
Já dizia o ditado, recordar é viver.
Os bons tempos que marcaram nossa juventude merecem ser revividos mesmo que em forma de história.
Cidadezinha de cerca de quatro mil habitantes, ligada a qualquer destino por péssimas estradas de terra, atoleiro, titulo de “Corredor da Miséria”, Campos Belos sobrevivia precariamente com o pouco que tinha.
Não havia televisão nem telefone, o único meio de comunicação era rádio amador e cartas.
Pouquíssimos carros, ruas sem asfalto, iluminação precária, poeira na seca e lama no período chuvoso.
Mas tinha alguma coisa atrativa, quem chegava não queria mais ir embora.
Diversão ficava por conta do futebol, tinha o campão, onde hoje é o Estádio Xeco, e uma quadra de terra onde hoje é a praça da Bíblia.
Dia de jogo do Mixto dirigido por Milton Mendes e AI, por Maurício, era um acontecimento que mexia com toda cidade, o maior clássico regional.
Logo de manhã, nos domingos, pessoas saiam pras ruas com bandeiras a pé, de bicicleta e nos poucos veículos existentes na época.
Campão era palco desse espetáculo, pessoas emboladas ao redor do campo, provocações entre torcidas foguetes, bebidas, gritaria, bordões tipo: ei Barreirao, quando alguém dava balão, marca o seu, Joca, quando alguém atrasada pro goleiro.
Comemoração era no Bar de Tico, muita cerveja e bate papo por torcedores.
O “point” da juventude era a Kampuba, boate com som potente, músicas atualizadas, iluminação moderna, mesas de madeira, portaria seletiva.
Era época da discoteca, Olivia Newton John, John Travolta.
Pessoas ensaiavam em casa e nos finais de semana mostravam todo potencial do aprendizado.
Toca do Coelho, onde hoje é a loteria, era entrada franca, também era muito frequentada, pessoas ficavam transitando entre as pistas de dança, assim todos divertiam até a madrugada.
Quando as boates fechavam, o pessoal com bebidas quentes sentava em frente à igreja para amanhecer o dia, outros iam pra o Rio Bezerra na época sem nenhuma comodidade, ficavam na areia ou tomando banho.
As vezes também faziam serenatas com radiolas a pilha e com duas metades, tinha que colocar em um lugar plano pro disco não arranhar.
Outros preferiam as galinhadas.
Tinha a turma que roubava, escolhiam uma casa e a farra era garantida.
Muitas vezes os proprietários das aves procuravam a delegacia para relatar o furto, mas a polícia tinha coisas mais importantes e não investigava.
Outra opção de divertir era o Cine Reges, na rua Sete de Setembro.
Os filmes preferidos eram bang bang, Juliano Gema e outros famosos de Hollywood.
Filmes de Bruce Lee lotavam o cinema.
Lá também era palco de comédias e festivais de músicas, além de ser canal de comunicação de falecimentos.
Assim viveram os nascidos nos anos cinquenta e sessenta, desfrutaram da melhor época da juventude, não havia drogas, brigas eram raras e sem vítimas fatais, todos eram amigos e divertiam juntos.
Posso dizer que foram os anos dourados, povo ingênuo, vivia trabalhando e divertindo, valorizava tudo.
À medida que o progresso foi chegando as coisas foram mudando e alterando todo cenário até então existente.
Pena que não temos muitos registros daquele tempo, algumas fotos e nenhuma filmagem tudo mudado, mas quem viveu naquela época guarda na memória os melhores anos das suas vidas.