Anos 70: Alô, meninada o Circo chegou! Obá vou entrar por debaixo da lona
Por Jefferson Victor,
As vezes fico lembrando o meu passado, me vem na memória momentos felizes do tempo de criança, éramos felizes e sabíamos.
Desprovidas de diversão, o Circo fazia o maior sucesso em cidadezinhas do interior.
Quando o Circo chegava a meninada acompanhava e as vezes até ajudava na montagem.
O marketing era feito por palhaços com pernas de pau, seguidos pela garotada respondendo aos refrãos do artista.
O que é que a velha viu? Carrapato no chibiu, o que é que a velha tem, carrapato no cedem, olha o velho no portão! Com a cara de Leitão, Olha a velha na janela! Com a cara de panela. Arrocha meninada (gritos).
Quem gritava mais animado o palhaço, ganhava o direito de assistir esse dia de graça, aplicavam um carimbo no braço pra identificar, escolhiam uns dez por dia, se o carimbo apagasse não entrava.
Ao redor faziam uma cerca com arame farpado, tinha uns dois vigias do Circo e contratavam alguns garotos para ajudar vigiar.
Eu mesmo prestei esse serviço, colocava os amigos por debaixo da lona, e quando o locutor anunciava o começo do espetáculo eu abandonava o posto de trabalho e ia assistir de graça.
Com isto, a retaguarda ficava desguarnecida, aí meninos entravam pela lona, era pouquinho não.
Muitas vezes no meio da apresentação era uma correria dentro do Circo vigias oficiais correndo atrás dos meninos, pareciam o Tom e Gerry do desenho animado, gritaria do público torcendo pros meninos, era uma atração à parte.
Tinha circo de torada, animais, uma vez em Campos Belos chegou a ter um leão como atração.
O cantor José Augusto com o sucesso ” De que vale ter tudo na vida, de que vale a beleza da flor, “apresentou uma vez no Circo, tinha gente de toda região, casa lotada, muita gente em pé para assistir.
Também teve espetáculo de luta, aquelas marmeladas, mas pra nós era real.
Um dia chegou um desses, e o astro era o “Índio Paraguaio,” sujeito forte, cabeludo, ficou hospedado na casa de Leonora, em frente a hoje Pax Vida.
A meninada ficava admirada em ver um índio, não era comum na região.
Um belo dia chegou um lutador chamado “Gorila Perez” era gordão, mal encarado, devia pesar mais de 200 kgs.
Tinha a fama de mau, e pra crescer o terror, o colocaram em uma jaula em cima do carro, ele agia como fosse mesmo um primata.
Sacudia a gaiola, ameaçava descer, falava casteliano em tom muito alto, ameaçava e assustava as pessoas, usava um maiô preto com uma alça só, com isto, meninos corriam pra dentro de casa, mulheres trancavam as portas e até os homens temiam aquele gigante.
A noite, como de costume o astro, Índio Paraguaio, começava apanhando, o povo vaiando o adversário até que se convertia em nocaute.
O Circo do Peteleco era o mais constante, chegava ficar mais de mês na temporada.
Bons tempos, povo ingênuo, não tinha telefone ou televisão, então o Circo era sempre bem vindo.
Muitos que vão ler esta matéria lembrarão terem sido personagens desta história.