Regularização fundiária é a principal demanda de quilombolas no Sudeste do Tocantins
“Eu trabalhei tanto pela nossa terra que até fiquei velho cedo, mas isso pra mim não é motivo de abatimento, é motivo de orgulho. Cada ruga aqui representa o suor no arado da terra que já é cultivada pela minha família há três gerações.
O desabafo de Diolin representa a realidade e o sonho de mais de 200 famílias quilombolas que atualmente residem na região Sudeste do Tocantins, município de Paranã, onde trabalham na terra há séculos, mas não conquistaram o título efetivo do território.
Durante atendimento, todos os representantes das comunidades falaram sobre a urgente necessidade da regularização fundiária.
Durante ação do projeto, foi verificado que as comunidades quilombolas enfrentam, além dos desafios pertinentes à regularização de seus territórios, uma variedade de demandas que abrangem questões como a dificuldade de acesso à água, energia e educação.Individual
Nos atendimentos individuais, a equipe do DPagra e da Defensoria de Paranã, coordenada pelo defensor público Magnus Kelly Lourenço Medeiros, atendeu casos relacionados à aposentadoria, mediação e acordo para divórcio, defesa administrativa em caso de multa ambiental, dentre outras.
Os servidores da DPE-TO de Paranã realizaram os atendimentos individuais não só para os quilombolas como também para a comunidade em geral. Morador de Campo Alegre, Cilenar Machado elogiou o projeto da Defensoria Pública.
Problemas
De acordo com o presidente das comunidades Claro, Prata e Ouro Fino, Dionísio Rômulo Cesário, as comunidades negras, que se autodeclaram remanescentes, buscam reconhecimento e políticas públicas que reduzam a desigualdade social.
O presidente da Associação Quilombo Kalunga, Vilmar Souza Costa, disse que a situação precária faz até mesmo com que as pessoas deixem suas comunidades. “A maior parte das comunidades quilombolas é formada por idosos.
Encaminhamentos
De acordo com o defensor público Magnus Kelly Lourenço de Medeiros, coordenador do projeto em Campo Alegre e do DPagra, será realizado um relatório a partir das demandas anunciadas pelos moradores. A partir dele, serão oficiados os órgãos responsáveis para que sejam tomadas as devidas providências e medidas judiciais cabíveis. “As demandas das comunidades quilombolas são semelhantes, principalmente no que se refere à luta pela regularização fundiária e direitos básicos de saúde, educação e dignidade humana”, descreveu.
O Defensor Público ressaltou, ainda, que a Instituição já solicitou um relatório técnico antroplógico ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para delimitação da terra.
Defensoria Quilombola
Desde o ano de 2012, a Defensoria Pública atua na defesa dos direitos das comunidades do Tocantins. O projeto “Defensoria Quilombola” já visitou mais de 30 comunidades, levando acesso à justiça.