Idoso de 105 anos que morreu no mesmo dia da esposa de 100 anos em Paranã (TO), tinha avisado a família ‘vamos morrer juntos’

O casal Mamédio Alves Magalhães e Ana Araújo Magalhães, moradores de Paranã, na região sul do Tocantins, começaram a vida de casados no dia 26 de julho de 1945.

Nos 78 anos seguintes, viveram juntos e para a surpresa de todos, morreram no mesmo dia, nesta sexta-feira, 30 de junho. Mas antes disso, o idoso já dizia aos familiares que morreria no mesmo dia que a amada. “Vamos morrer juntos”.

Seu Mamédio tinha 105 anos e dona Ana, 100.

A morte deles aconteceu com apenas quatro horas de diferença. Ele morreu em um hospital da cidade por volta de 4h e ela, pouco depois das 8h.

Quem falou sobre essa ‘premonição’ de que os dois morreriam no mesmo dia foi a sobrinha-neta do casal centenário, Ediana Quirino Magalhães, de 38 anos. Ela foi criada pelo casal, ao qual chamava carinhosamente de avós.

“Ele me chamou e falou para mim: ‘vou morrer no mesmo dia que ela. Nós vamos morrer juntos’. É muito bonita a história deles, ela amava ele mais que tudo”.

Ediana disse que não acreditou na conversa sobre a despedida, mesmo seu Mamédio estando com os sinais cognitivos normais. “Eu não acreditei, ele falava que eles iriam no mesmo dia. E como estava lúcido, andando normalmente, eu achava que ele não ia se abalar a este ponto”.

Ela relatou que a saúde de Mamédio se agravou depois que Ana precisou ser internada para tratar uma pneumonia. Ele se recusava a comer ou tomar remédios enquanto a amada não estava em casa.

Por não ter mais tratamento, os médicos a deixaram voltar para casa para fazer companhia ao marido. Mas há cerca de cinco dias, ele começou a passar mal e precisou ser internado na quinta-feira (29).

A morte dos dois se confirmou no início da manhã de sexta-feira. Só não aconteceu lado a lado porque ela ficou em casa e ele, no hospital.

Vida em Paranã

O casal era muito conhecido pelos moradores de Paranã. Nasceram na cidade: ele em 1918 e ela no ano de 1923.

O casamento foi celebrado também em Paranã, na metade dos anos 1940. A região ainda era norte de Goiás e Mamédio tinha o ofício de criador e Ana trabalhava como doméstica.

Ediana contou que o tio-avô também fez parte do Exército como soldado na juventude e também foi agricultor.

Dona Ana, que terminou a vida como aposentada, ajudava muitas crianças da região a aprender a ler e escrever. “Ela alfabetizava, deu aula, mas não na cidade e sim na zona rural, porque não era formada”, disse a sobrinha, destacando o carinho de Ana com as crianças, já que o casal não teve filhos.

Também chegaram a viver em uma fazenda de propriedade do casal, chamada Serra Azul. Mas atualmente moravam na cidade onde passaram toda a vida.

Velhice do casal

Ediana esteve presente na vida de Mamédio e Ana até o dia da morte deles. Ela contou que o tio-avô, apesar dos 105 anos, estava lúcido, falava normalmente, mesmo com a doença de Parkinson, que afeta os movimentos. Ana tinha um pouco mais de problemas de saúde, e nos últimos seis anos já dava sinais de esquecimento.

“Ele sentia tonturas e tinha labirintite. Mas andava dentro de casa e sempre foi lúcido. Ninguém nunca precisou, até cinco dias atrás, dar um banho nele.

Ela há seis anos já não tinha a mesma mentalidade e estava na cadeira de rodas porque quando tinha 94 anos fraturou a bacia e fez cirurgia, mas se recuperou”, explicou.

Despedida

Serem velados e enterrados na propriedade da família era um desejo antigo de seu Mamédio, que foi atendido prontamente pelos familiares.

“Era uma vontade dele. Desde antigamente que as pessoas enterravam na fazenda. Então não teve nem como ficar na cidade, isso para fazer o desejo dele”, contou Ediana, lamentando a perda dos avós centenários.

O velório aconteceu na fazenda Serra Azul. O enterro será no mesmo local, na manhã deste sábado (1º).

Ana e Mamédio viveram juntos por quase 80 anos e contaram muitas histórias aos familiares e amigos. Agora, descansam da mesma forma como passaram a maior parte da vida: lado a lado.

Texto e fonte: Sueergiu

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