Monte Alegre de Goiás (GO) promove o 1º fórum de enfrentamento ao abuso sexual contra crianças e adolescentes

A cidade de Monte Alegre de Goiás (GO), nordeste do estado, região da Chapada dos Veadeiros, promoveu, no último dia 6, o 1º fórum de enfrentamento ao abuso sexual contra crianças e adolescentes.

O evento ocorreu na Câmara Municipal de Vereadores e contou com a participação de diversos órgãos municipais, como o CRAS, o Conselho Tutelar, a Secretaria de Saúde e, ainda, o Ministério Público de Goiás, a Polícia Militar e a Polícia Civil.

Entre os palestrantes, a promotora Úrsula Catarina e o promotor Pablo da Silva Martinez, do Ministério Público de Goiás, que falaram sobre o “Conhecimento através da ética institucional para os profissionais de saúde entre órgãos, em defesa das crianças e dos adolescentes”.

O delegado de Campos Belos (GO), Jiovane Policena, também prestigiou o fórum.

Na oportunidade, também foi feita uma exposição de caso, feita por Patrícia Damasceno, seguida de um debate entre os presentes. Na plateia, servidores públicos, autoridades e moradores da comunidade.

O evento foi encerrado pelo Secretário Municipal de Saúde, Valmir Rosa, que organizou o evento, e pelo prefeito Felipe Campos.

Monte Alegre de Goiás (GO), assim como Cavalcante (GO), registram diversas ocorrências graves de abuso sexual contra crianças e adolescentes, um crime que mistura tolerância criminal e comportamento social cultural inaceitável.

Em 2014, por exemplo, Cavalcante (GO) foi cenário de um escândalo nacional e pela maior taxa de estupro de vulnerável do Estado.

Observando dados de 2017 a agosto de 2019 da Secretaria de Segurança Pública (SSP) de Goiás, período máximo que consta no site, o local registrou o maior índice por mil habitantes – 3,7 casos. Em Goiânia, em comparação, a taxa foi de 0,43.

Em 2019, Cavalcante também se mantém no topo.

Os números se referem às ocorrências feitas via Registro de Atendimento Integrado (RAI), responsável pelo registro único das forças de segurança do Estado.

O crime configura “ter conjunção carnal ou praticar ato libidinoso com menor de 14 anos”, assim como com alguém que não tenha o discernimento necessário para o ato ou por qualquer pessoa que não possa oferecer resistência.

A Associação Quilombo Kalunga (AQK) estima que estejam nas 23 comunidades remanescentes de quilombos Calunga de Cavalcante cerca de 4 mil pessoas – ou seja, quase metade da população do município, que é de 9.709 mil habitantes.

Os abusos acontecem tanto em regiões quilombolas quanto em outras áreas rurais ou urbanas. Só em 2019, foram registrados 12 casos de estupro de vulnerável no município.

Um dos crimes registrados na cidade envolveu a filha de uma autoridade.

A menina, de apenas 12 anos, foi violentada pelo padrasto em duas ocasiões.

Ela vivia na cidade e os abusos aconteceram em casa. A adolescente acabou grávida, mas escondeu a gestação. Depois de mais de sete meses, a família descobriu e o caso foi denunciado.

A gestação teve prosseguimento e a menina teve a criança, que foi inclusive registrada no nome do abusador.

Em outro caso, uma menina de 13 anos, foi abusada pelo pai dentro de casa.

Conforme relatos da adolescente, por cerca de um ano, o pai ia ao seu quarto, onde ela dormia com dois irmãos, e tocava em seus seios, vagina e nádegas.

Os abusos só foram descobertos quando a menina começou a se auto mutilar e confessou ao padrinho o que vinha acontecendo. A mãe não acreditou na menina.

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