Empresa contratada pela Goinfra é acusada de submeter trabalhadores a condições insalubres e degradantes
Uma empresa privada prestadora de serviço para a Goinfra (Agência Goiana de Infraestrutura e Transporte) no nordeste de Goiás está submetendo seus funcionários a condições insalubres e degradantes.
A denúncia foi feita ao Blog por próprios funcionários da empresa, que tem canteiros de obras em Campos Belos (GO) e Alto Paraíso de Goiás (GO), ambas as cidades situadas na Chapada dos Veadeiros.
A empresa foi contratada pelo Governo para dar manutenção nas vias rurais não pavimentadas da região.
Segundo os funcionários, a empresa não tem dado as mínimas condições básicas para o bem-estar dos trabalhadores.
No canteiro de obras em Campos Belos, localizado num espaço a céu aberto, ao lado de um posto de combustível, nas proximidades da GO-118, não há sequer um local digno de se fazer as refeições, tomar água ou ir ao banheiro.
Um vídeo foi gravado e enviado ao Blog.
Um dos funcionários filma e narra o que seria o local de trabalho deles, onde são obrigados a ficar o dia inteiro, quando não há atividade nas estradas.
“Se a gente quiser ir ao banheiro tem que ir para o meio do mato. Não há ponto de água ou de luz. São condições desumanas”, diz o funcionário.
Já no alojamento da cidade de Alto Paraíso de Goiás a situação também é degradante, segundo conta os funcionários.
Eles foram alojados numa casa alugada, uma antiga padaria.
Ali foram entulhadas 16 pessoas, que passam o dia inteiro em atividade pesada no meio do mato, sob sol e chuva.
À noite, no momento de descanso, são amontadas nesse alojamento, que tem um único banheiro e sem faxineira.
Não há geladeira, fogão, cadeiras, sofás, TV e até bebedouro.
“Lá tem rato para tudo quanto é lado e passam em cima das pessoas que estão espalhadas em colchões, dormindo, em todos os cômodos. Tem fezes de rato em tudo quanto é lado, até na pia do banheiro, onde se escova dentes”, denuncia outro funcionário.
Um vídeo também foi gravado para provar as denúncias.
A empresa foi procurada para se pronunciar sobre o caso.
Uma funcionária da área administrativa disse ao Blog que as denúncias não procediam.
Confrontada e quando foi informada que havia vídeos e áudios como provas, não mais respondeu aos contatos e tampouco passou o contato do proprietário da empresa para também se pronunciar sobre as condições desumanadas de seus funcionários.
O Blog também procurou a Goinfra e procurou saber o que anda fazendo o fiscal do contrato do órgão público, responsável por acompanhar a contratada e que não identificou a gravidade das condições dos trabalhadores, exigência mínima em qualquer contrato com o governo.
A Goinfra mandou uma nota.
“A respeito dos dados solicitados, a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) informa:
– A Goinfra não tem vínculos empregatícios com os trabalhadores, que são contratados diretamente pelas empresas terceirizadas. Contudo, a agência exige, em todos os seus contratos, que as empresas cumpram rigorosamente com as legislações trabalhistas vigentes.
– Como contratante da empresa, a Goinfra já acionou a contratada para que esclareça sobre as condições de trabalho e para que todas as providências sejam tomadas para solucionar quaisquer irregularidades.
Goiânia, 10 de fevereiro de 2023“.
Onde estão os fiscais do trabalho, os auditores fiscais?
Uma pergunta que não quer calar é:
Onde estão os fiscais do trabalho do Ministério do Trabalho e Previdência?
Nunca é demais lembrar.
A Constituição do nosso país dispõe que o Estado Brasileiro tem entre seus fundamentos a dignidade da pessoa humana e o valor social do trabalho e que a ordem econômica é fundada na valorização do trabalho humano.
Assim, compete aos fiscais do Trabalho assegurar, em todo o território nacional, o cumprimento de disposições relacionadas à segurança e à medicina do trabalho, no âmbito das relações de trabalho e de emprego.
O que se vê aí é uma cadeia de erros, de entes públicos e privados, e na ponta da linha pessoas que têm esse trabalho como único meio de sobrevivência, sua, e de sua família.
É deprimente.