Estudantes da Escola Agrícola de Arraias (TO) fazem paralisação e pedem imediata saída do diretor
Cerca de 150 estudantes da Escola Agrícola de Arraias (TO), sudeste do estado, iniciaram, nesta terça-feira (17), uma paralisação geral e por tempo indeterminado.
A escola tem alunos no oitavo e nono anos do ensino fundamental e nos três anos de ensino médio- técnico.
Neste momento, eles estão na escola, mas se recusam a participar de qualquer atividade escolar.
A reivindicação é uma só: saída imediata do atual diretor, Antônio dos Santos.
Um dos estudantes entrou em contato com o Blog para dizer que o diretor foi nomeado no ano passado, assumiu a direção e “começou a perseguir alguns funcionários por questões ideológicas, políticas entre outras”.
O líder do movimento disse que o Antônio dos Santos foi exonerado neste ano por “causa de política, mas correu atrás e voltou a assumir a gestão da escola. Nós estamos insatisfeitos com a gestão escolar. Professores já foram até demitidos. Os alunos fizeram então uma greve pedindo a remoção do diretor Antônio”, disse.
O diretor teria como padrinho o deputado estadual Valdemar Junior (MDB).
O Blog procurou o diretor para se pronunciar sobre a paralisação dos estudantes da Escola Agrícola de Arraias e sobre o pedido de sua saída.
Antônio dos Santos apenas respondeu que “Já estamos junto a Seduc (Secretaria de Educação) buscando uma solução o mais rápido possível”.
Indicação política
Em todo o estado do Tocantins não se tem a democracia na escola.
Os diretores, ao contrário do que deveria ser, não são escolhidos por votos de alunos, funcionários e professores, mas por indicações políticas.
E quem tem padrinho político mais forte, consegue uma boquinha.
Essa horrorosa e vergonhosa situação, que deveria ter sido extirpada há muitos anos no país, continua a dar o tom em todas as escolas estaduais do Tocantins.
Este é o cerne na questão deste imbróglio da Escola Agrícola de Arraias: falta gestão escolar democrática.
É de conhecimento que a gestão escolar democrática têm vários benefícios, entre eles compartilhamento de decisões e informações, a preocupação com a qualidade da educação e com a relação custo-benefício, a transparência e fatores que são operacionalizados por instâncias colegiadas, tais como os conselhos escolares.
Com o apadrinhamento isso não existe. Tudo acaba na politicagem.
Profissionais da educação afirmam que a participação da comunidade na escola é essencial.
“A função dos conselhos é orientar, opinar e decidir sobre tudo o que tem a ver com a escola, como participar da construção do projeto político-pedagógico e do planejamento anual, avaliar os resultados da administração e ajudar na busca de meios para solucionar os problemas administrativos e pedagógicos, decidir sobre os investimentos prioritários”.
Reuniões pedagógicas, festas, exposições e apresentações dos estudantes são momentos em que familiares, representantes de serviços públicos da região e associações locais devem estar presentes, a participação deve se estender a todos os estudantes. Tudo isso faz parte de um gestão escolar democrática.
“Como cidadãos eles têm direito a opinar sobre o que é melhor para eles e se organizarem em colegiados próprios, como os grêmios. Discutir propostas e implementar ações conjuntas, por meio de parcerias, proporciona grandes resultados para melhorar a qualidade da escola no país, no entanto os governos federal, estadual ou municipal devem garantir a melhoria da qualidade da educação na escola pública.”
Infelizmente, com apadrinhamento político, essas ações educacionais passam ao largo de qualquer escola.