Policlínica de Campos Belos está no planejamento da Saúde, em 2020, diz secretário

Secretário da Saúde de Goiás, o médico Ismael Alexandrino diz que herdou R$ 728 milhões em dívidas da gestão passada. 


São recursos que deveriam ter sido pagos para as Organizações Sociais (OS) que gerem os hospitais estaduais, fornecedores de medicamentos e repasses para os municípios, que estavam atrasados há 13 meses no final de 2018.

Segundo as contas do secretário, somente com as OS restam ainda cerca de R$ 70 milhões a serem pagos. Parte da engenharia financeira para fazer os repasses passa pelo encontro de contas com as próprias organizações. 


O raciocínio é que, se elas não visam lucro, o lógico é que, no caso de superávit, o dinheiro volte aos cofres do governo estadual.

Com a gestão das contas, o secretário espera uma série de entregas para 2020. Entre elas, policlínicas e hospitais. “A regionalização, que é um dos pilares da gestão e está no plano de governo do governador Ronaldo Caiado (DEM), vai ser consolidada”, diz na entrevista que segue abaixo.

Rodrigo Hirose – O governador anunciou a inauguração da primeira policlínica em Posse. É uma estrutura que foi construída do zero? Qual tipo de atendimento será oferecido na unidade?


O projeto das policlínicas visa preencher uma lacuna no Estado tanto assistencial quanto regional. A saúde é dividida em três níveis: A atenção primária, que geralmente é atribuição do município, secundária e terciária. 

No nosso Estado nós temos a primária, cada município com a sua, temos a terciária com hospitais estaduais e alguns hospitais municipais mais restritos. Só que o nível secundário, que é o nível também especializado, mas ambulatorial, não existia. E fica um vácuo assistencial.

Do ponto de vista regional, está tudo concentrado na Região Metropolitana. Fizemos um planejamento para que cada região uma das 18 regiões de saúde, exceto a central, tenha uma policlínica inaugurada ao longo de todo o governo. 


A policlínica de Posse havia um esqueleto de uma estrutura, que é um projeto arquitetônico semelhante ao nosso, com alteração de cerca de 200 metros quadrados apenas. Aproveitamos esse projeto, alteramos o que seria necessário, introduzimos a ressonância nuclear magnética, que foi um pedido do governador.

Posse é muito distante. Era um local completamente desassistido. Você visita a cidade e pensa como as pessoas sobrevivem do ponto de vista de atenção a saúde, como se faz hemodiálise aqui? 


A pessoa entra em uma van, é transportada por seis horas para Formosa ou Goiânia, fica quatro horas conectada a uma máquina e depois retorna. Isso três vezes por semana.

 Qual o nível de vida, de dignidade e de cidadania esse cidadão tem? No dia que o morador está em casa, ele descansa para reiniciar o tratamento. É um dos procedimentos que passa a ser oferecido em Posse.

Programamos 19 especialidades médicas e seis especialidades não médicas com o intuito de preencher o vácuo assistencial que tem na região. 


Quanto mais especializado é o serviço, mais multiprofissional tem de ser. Nas especialidades não médicas temos a enfermagem, a psicologia – porque teremos psiquiatria, e há casos que são para um, outro ou para os dois -, a fisioterapia, a odontologia, a parte de assistência social, que é fundamental – tem muita coisa que não é orgânica, tem a ver com a inserção da família na sociedade, algum desarranjo, dificuldade financeira – e a fonoaudiologia.

Citarei algumas especialidades médicas, como a cardiologia. Boa parte da cardiológica, como, por exemplo, hipertensão mais simples se resolve na atenção primária. Nos casos não resolvidos, o paciente ficava em um hiato. Quando o caso complicava, o paciente ia para a UTI.


O que queremos é atender na cardiologia, nefrologia, endocrinologia, ortopedia, a parte de ginecologia, sobretudo com a prevenção do câncer de mama, do colo de útero, com um diagnóstico mais precoce para dar mais chances de cura. A psiquiatria, a pediatria.

Fizemos questão de colocar Médico de Família e Comunidade. A área técnica questionou se médico de família não seria área de atenção primária. É. 


Só que se você não coloca um médico de família na unidade especializada, o paciente sai para tratar da cardiologia, é compensado, gosta tanto daquele atendimento que não volta para a atenção primária. Chamamos de efeito velcro.

Todo paciente que passar por alguma especialidade é encaminhado no final para o médico de família em comunidade, volta para sua estrutura municipal para ser acompanhado pela equipe de saúde da família. Também teremos otorrino, a parte de oftalmologia. 


Hoje mesmo recebi as fotos do equipamento de oftalmologia. Cada coisa que chega ficamos felizes ao ver a concretização do programa.

Outra especialidade oferecida é neurologia. É uma miríade de especialidades que era impensável de ter. Isso ocorrerá em Posse e em inúmeras outras cidades.

Rodrigo Hirose – O mesmo modelo será levado para as outras 16 unidades?

São outras 16 unidades, com algumas peculiaridades. A estrutura é muito similar. Seis terão estruturas praticamente idênticas. 

Dez terão estrutura idênticas e uma um pouco diferente. Algumas serão meramente clínicas, outras mistas entre clínico e cirúrgico e outras com perfil cirúrgico, com duas salas de cirurgia para fazer operações menores, que não precisam ser feitas em hospital.

A única unidade que terá ressonância é a de Posse. As demais vão até tomografia. Estamos falando de tudo de exame complementar em diagnóstico de exame e imagem: 


raio-X digital, mamografia, ultrassonografia, densitometria óssea, tomografia computadorizada, endoscopia, colonoscopia, todos os exames oftalmológicos, audiometria. É um pool significativo de exames que o médico terá à disposição.

Na parte de cardiologia teremos o ecocardiograma, teste ergométrico de esforço, esteira, Mapa [Monitorização ambulatorial de pressão arterial] e Holter. E na parte de laboratório todos os exames necessários. 


De fato dará uma resolutividade de diagnóstico e de tratamento muito robusta, muito diferente da realidade atual.

Rodrigo Hirose – Qual será a capacidade de atendimento quando toda a rede estiver pronta? Qual será o impacto na prática da chamada ambulancioterapia?

O impacto será diminuir muito essa prática da ambulancioterapia a medida em que as policlínicas forem construídas e estruturadas. A unidade de Posse, que está no Nordeste do Estado, no início será a única da região. A abrangência será em torno de 1,3 milhão de pessoas com as regiões Nordeste 1, Nordeste 2 e Entorno Norte.

Depois que a segunda unidade for para a região, tudo indica que será a cidade de Campos Belos, essa população já é um pouco dividida. A unidade de Campos Belos só não terá ressonância. Quando vamos um pouco para o Norte e chegamos em Porangatu…

Rodrigo Hirose – Esse é o cronograma inicial de instalação das policlínicas?

O cronograma inicial é Posse, Goianésia, Quirinópolis, Formosa, São Luís de Montes Belos e cidade de Goiás. Mas as demais, que ainda não foram anunciadas, provavelmente serão Campos Belos e Porangatu. São duas cidades que estão praticamente definidas. Pegamos a faixa Norte completa e assistimos o Estado com especialidade, diagnóstico e terapêutica.

Qual o impacto disso na ambulancioterapia? O paciente da cardiologia ou da endocrinologia que teria uma diabetes compensada, consegue compensar na região. Não precisa chegar à fase de cetoacidose diabético, coma diabético, para ser transferido para uma Unidade de Terapia Intensiva. 


Para fazer uma tomografia ou a densitometria óssea não precisa lotar uma van, marcar uma data e realizar o exame na capital. Faz na policlínica. É bem mais digno.

Para o Estado, isso significa menos custo. O exame que se faz na capital inclui o custo do transporte. Uma tomografia em Posse em uma unidade privada, a prefeitura paga R$ 500. A tabela SUS paga em torno de R$ 138. 


O custo da nossa tomografia ficará em torno de R$ 138 ou um pouco mais pelo custo agregado de rateio de energia e outros detalhes. Com o laudo, o valor é pago pelo Ministério da Saúde. É um valor que sai do Tesouro da prefeitura.

Direta e indiretamente, o Estado está ajudando o município. A diferença de R$ 500 para R$ 138 o município não tem que pagar mais. Multiplique isso por mil exames.

Rodrigo Hirose – Em 2020, outra policlínica será inaugurada?


Estão previstas mais duas unidades. Goianésia, que o chamamento é junto, com CNPJs diferentes, e Quirinópolis, no Sul do Estado.

Leia a entrevista completa no Jornal Opção 

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