Onça pintada domesticada por fazendeiro é resgatada e levada para instituto
Uma onça-pintada (Panthera onca) que vinha sendo criada, desde filhote, em uma fazenda em Cáceres (220 km de Cuiabá) como animal doméstico, com vida livre e comportamento dócil, foi resgata pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT), o Batalhão de Policia Militar de Proteção Ambiental (BPMPA) e o Juizado Volante Ambiental de Cáceres.
A retirada do animal foi necessária devido à aproximação com humanos do entorno, o que facilita uma possível caça do animal, que está em extinção.
Conforme os responsáveis pela área, ainda filhote, a onça foi resgatada após incêndios no ano de 2020 e, desde então, tem sido alimentada por humanos. Denominada de Marruá pelos moradores da fazenda, a onça é fêmea, pesa 80 quilos, tem aproximadamente dois anos de idade, apresenta boa saúde, é extremamente dócil e aceita carinho.
“Pelo fato dela estar muito dócil e domesticada não será possível a soltura em habitat natural. Por enquanto, ela ficará em um recinto sob a guarda do Instituto Nex”, explicou Fernando Siqueira, Gerente de Fauna da Sema.
De acordo com o policial ambiental Mendes, por apresentar grande porte o animal já representava risco para as pessoas que moravam nas redondezas e, por conta disso, a Polícia Ambiental foi acionada.
“Marruá possui grande porte e estava sendo criada por funcionários da fazenda nas redondezas de Cáceres. A onça foi encontrada ainda filhote sem a mãe, que morreu vítima das grandes queimadas no Pantanal, e eles adotaram o animal como se fosse doméstico, mas ela estava muito grande.”
Ainda segundo o policial, Marruá é tão dócil que dormia no sofá da sala, com ambiente refrigerado. “Constatamos que ela estava domesticada, não tivemos problemas para chegar perto dela e fazer carinho.” Antes de ser retirada do local, a onça foi adormecida.
A juíza responsável pelo Juizado Volante Ambiental de Cáceres, Hanae Yamamura de Oliveira, destaca que por mais que o casal estivesse tratando de Marruá e pensasse fazer o bem, os danos aos instintos selvagens foram grandes.
“A onça não tinha sinal de maus-tratos, mas é proibido por lei criar animais selvagens. Por mais que eles a tenham resgatado e pensassem fazer o bem, tiraram dela o instinto de sobrevivência em seu habitat. Marruá foi enviada para uma Ong no Estado de Goiás para ser ensinada a viver na natureza, se é que isso será possível”.
A magistrada explica ainda que o melhor a fazer quando se encontra um animal doméstico é imediatamente resgatar e, em seguida, chamar as autoridades competentes. “Ela era uma onça de porte enorme e por isso foi percebida. Quantos passarinhos e outros animais passam pela mesma situação e acabam morrendo? É o ser humano interferindo na natureza.”
A Sema orienta que quem encontrar filhotes de animais silvestres, ou até mesmo animais adultos que estejam em ambienta urbano, ou com ferimentos, que entre em contato com a Sema ou com o Batalhão ambiental para a retirada do animal.
“Orientamos que seja feita a entrega voluntária do animal para que passe pelos cuidados necessários e seja dada a destinação correta”, disse Fernando Siqueira, Gerente de Fauna da Sema.
O Instituto de Preservação e Defesa de Felídeos da Fauna Silvestre do Brasil em Processo de Extinção (NEX) possui um refúgio onde os felinos resgatados com ferimentos ou em situação de risco são acolhidos e cuidados.
As tratativas para a destinação do animal também contaram com a participação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais e do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos (CENAP).
Fonte: Assessoria da Cenap
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