Mesmo com tanta chuva, Arraias (TO) está há 5 dias sem água nas torneiras

Imagens deste domingo (9). Como pode faltar água nas torneiras?

Parece uma pegadinha, mas não é.

Mesmo com tanta chuva no sudeste do Tocantins, a comunidade de Arraias (TO) amarga falta de água nas torneiras há pelo menos cinco dias.

Como se sabe, o Estado do Tocantins resolveu privatizar toda a distribuição de água e empresas privadas têm a concessão do serviço. No caso de Arraias (TO) é a empresa BRK.

Usuários disseram ao Blog, neste do domingo (9), que há quase uma semana os moradores têm ligado na empresa querendo uma solução para a encrenca. E nada!

Ora a empresa diz que é bomba quebrada, ora que é entupimento de canos. Mas não resolve a situação.

O fato é que mesmo com água desabando o céu há mais de 40 dias, as pessoas amargam torneiras secas com todas as suas consequências.

Fracasso

Recentemente a Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento classificou como fracasso a privatização no Tocantins.

” A experiência com a privatização também não gerou bons resultados. A principal companhia de saneamento do estado, responsável pela grande maioria dos municípios, era a Saneatins, privatizada em 1998 após aquisição do Grupo Odebrecht.

Depois, teve seus ativos vendidos novamente pela construtora e hoje chama-se BRK Ambiental —autointitulada a maior empresa privada de saneamento básico do país.

Dessa forma há muito o governo reassumiu com a quebra da privatização. O modelo tornou-se insustentável em 2010, quando o governo do estado teve de realizar um acordo com a empresa e criar uma autarquia (espécie de empresa pública), a Agência Tocantinense de Saneamento (ATS).

O contrato foi colocado em prática em 2013, e a estatal assumiu os serviços de saneamento de 78 dos 139 municípios do estado.

O malogro da privatização das águas e saneamento pode ser medido pela ATS também que tem de cuidar das quase 300 mil pessoas que vivem na zona rural —área que demanda mais investimentos. Já a Odebrecht Ambiental (hoje BRK) ficou responsável por 47 cidades, entre as mais populosas —e lucrativas— do estado, incluindo a capital, Palmas. Hoje, apenas 36,6% dos moradores do Tocantins têm acesso à rede de esgoto, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2019.

Tudo o que se pode dizer até agora é que o modelo, no entanto, não apresentou bons resultados em Manaus e no Tocantins, onde os serviços já são privatizados há duas décadas tudo resultou em colapso e fracasso.

A calamidade está aí. Atualmente, quase metade dos brasileiros não tem acesso a saneamento básico –isso é o equivalente a 101 milhões de pessoas, segundo o Instituto Trata Brasil. Mais de 50 milhões não contam nem com coleta de resíduos.

O fracasso da privatização é completo. Ou seja, antes mesmo da entrega ao setor privado o controle do fornecimento de água e do tratamento de esgoto no Brasil foi aprovada pelo Senado na última quarta-feira (24), o modelo já foi experimentado e, revelou-se inócuo.”

Com a palavra a empresa BRK e o Governo do Tocantins, que assiste a tudo sem mover uma palha.

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