Campos Belos (GO) volta a ter movimento nas ruas. Tem gente que ainda não acredita na letalidade do vírus ou põe dinheiro acima da vida
A cidade de Campos Belos (GO) voltou a ter movimento nas ruas, após quase duas semanas de isolamento e fechamento do comércio, por decreto do governador Ronaldo Caiado.
Parece que os comerciantes têm atendido aos pedidos do presidente da República, Jair Bolsonaro, que conclamou às pessoas a voltarem a trabalhar.
Mas o pedido do presidente não encontra eco no próprio governo.
Ele foi eleito com votos da massa produtiva e agora vive um dilema: ou acredita na letalidade do vírus ou atende aos reclames dos empresários, muitos deles a ponto de quebrar, em virtude da pandemia.
E parece que os empresários e comerciantes da cidade não estão acreditando na letalidade do coronavirus.
A notícia do dia desta quarta-feira (2) é a de que a pandemia já começou a se espalhar pelo interior e pequenas cidades.
Voltamos a alertar que os países que zombaram ou negligenciaram a pandemia estão pagando um preço altíssimo, tanto em perda de vidas como na paralisação total das cidades.
A Itália conta com mais de 100 mil contaminados e 12 mil mortes. Lembro que aquele país tem 60 milhões, quase um quarto do Brasil, que soma 216 milhões de brasileiros.
Outro país que zombou do vírus foi a Espanha, que chegou a fazer, no dia 8 de março, Dia da Mulher, uma manifestação com 200 mil pessoas. 25 dias depois já conta com 8 mil mortos.
O terceiro exemplo são os Estados Unidos, a maior potência do planeta. O presidente Donald Trump estava com o mesmo discurso de Bolsonaro: o país não pode parar.
Em 10 dias, o número de casos já superou a França.
Está com 200 mil contaminados e quase 4 mil mortos.
Não há hospitais, leitos, camas, respiradores e profissionais de saúde para tantos enfermos. O resultado é a morte.
Donald Trump jogou a toalha e agora está dando prioridade absoluta à pandemia.
O número de casos da Covid-19 no Brasil dobrou em cinco dias e chegou a 7 mil casos e 250 mortes.
E pior. Esse número oficial é de subnotificação.
O país não consegue fazer os exames e não contabiliza os contaminados e nem as mortes. Há 12 mil exames na fila, só em São Paulo.
Estima-se que o Brasil oficialmente registrou apenas 18% dos casos. Então o país teria hoje 40 mil contaminados.
A grande maioria deles sem apresentar qualquer sintomas e estão levando o vírus, sem saber, por onde passam.
Em Brasília, não se anda mais sem máscara ou álcool em gel nos bolsos. E saídas apenas para emergências.
Como noticiado, os casos já atacam o interior do Brasil e as comunidades periféricas como favelas, onde estão grandes massas humanas e comunidades carentes.
Mas a grande questão mesmo é a falta de leito e até de hospitais nas pequenas cidades, ainda mais para enfrentar uma pandemia.
Quantos respiradores o hospital de Campos Belos possui? e leitos de UTI? A mesma pergunta vale para Arraias, Monte Alegre, Combinado, São Domingos, Posse, Aurora.
Estão enxergando o tamanho da encrenca?
E se não forem tomadas ações, como o isolamento da população, as consequências serão gravíssimas?
Além das mortes, do caos, do sofrimento que estamos vendo nos outros países, a paralisação das atividades comerciais serão extremamente mais severas e os prejuízos dos empresários, comerciantes e produtores rurais, que já são grandes hoje, serão gigantescos daqui a 15 ou 30 dias.
Para além dos empresários, existem outros milhões de brasileiros em situação muito pior: sem dinheiro e passando fome.
São autônomos, desempregados, pedreiros, faxineiros, diaristas…
Resiliência quer dizer encontrar saídas e crescer em momentos muito difíceis. É hora de todos nós termos muita resiliência.
A ignorância dura até surgir um caso na família, depois as piadas perdem a graça e o dinheiro também.
Ainda temos escolhas; ainda temos tempo.