Autoconhecimento e angústia em tempos de crise
Por Antonio Djalma Braga Junior*
Estamos vivenciando tempos difíceis, em nível mundial. A crise do coronavírus tem escancarado uma série de outras crises que estávamos passando, mas que não conseguíamos enxergar ou enfrentar.
Por isso, é importante buscar cada vez mais praticar os ensinamentos de Sócrates, não o ex-jogador do Corinthians, mas o filósofo grego: conhece-te a ti mesmo! Quanto mais nos empenharmos em conhecer a nós mesmos, mais fácil será lidar com as angústias que vivenciamos em nosso tempo.
Mas, para isso, é preciso estar disposto a se enfrentar. Se conhecer não é fácil, pois é preciso reconhecer as imperfeições, traumas, dores e angústias. Todavia, não se olhar no espelho é uma forma de não enxergar as potencialidades e criatividades que o tornam único, especial.
Nós tememos aquilo que não conhecemos. Quando nos desconhecemos, passamos a temer esse enfrentamento.
O que eu quero dizer é que não há outro caminho para superarmos os momentos de crise. É preciso tirar proveito desse isolamento social para promover um verdadeiro encontro consigo mesmo.
E se a crise, que é real, lhe causar angústia, dor e sofrimento, faça como Agostinho de Hipona que, em seus momentos de agonia, encontrou repouso em uma ideia que lhe servia de referência para suas ações: “faça tudo como se tudo dependesse de você, mas depois, confie como se tudo dependesse de Deus”.
Essa ideia agostiniana pode nos ajudar a passar bem esses momentos de pandemia e terror, pois nos leva a fazer tudo o que está em nosso alcance para podermos prevenir males maiores, mas há um ponto na vida em que não conseguimos avançar porque simplesmente não depende de nós.
*Antonio Djalma Braga Junior, filósofo e historiador. Doutor pela UFPR. Professor, palestrante, escritor, consultor e coordenador do curso de licenciatura em História da Universidade Positivo.