Bombeiro do DF é preso suspeito de pagar R$ 40 mil pela aprovação em concurso

Um soldado do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal foi preso temporariamente, no último sábado (1º), durante uma operação da Polícia Civil que investiga fraudes em concursos públicos.

Segundo o Portal de Notícias G1, o militar – que não teve a identidade divulgada – é suspeito de pagar R$ 40 mil à chamada “máfia dos concursos” para ser aprovado na corporação.

A prisão ocorreu em Taguatinga e faz parte da 6ª fase da operação Panoptes, que contou com o apoio da Corregedoria do Corpo de Bombeiros. Em nota, a corporação militar informou que “está aguardando o andamento da investigação para adotar as medidas administrativas cabíveis ao caso”.

“Ressaltamos que a corporação não coaduna e nem aceita qualquer tipo de fraude em seus processos de ingresso e, até o presente momento, não possui informação sobre outros casos de fraude envolvendo ingresso de militares em suas fileiras.”

O mandado de prisão foi expedido pela Vara Criminal de Águas Claras e vale por cinco dias. Em 2018, os nove principais integrantes da máfia foram condenados pelos crimes de organização criminosa, fraude em concurso e uso de documento falso (veja mais abaixo).

O chefe da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), Adriano Valente, contou que, inicialmente, o candidato contratou a máfia dos concursos para entrar no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em 2015, mas não foi aprovado. Então, o cliente foi direcionado para outra seleção, a dos bombeiros, em 2017.

A ficha de inscrição do candidato foi encontrada com membros da organização criminosa, segundo a polícia. “A quantia de R$ 40 mil que o soldado admitiu ter negociado com a organização criminosa é o mesmo valor pago por diversos outros fraudadores já indiciados em outros inquéritos policiais da Draco por fraudes em concursos públicos”, disse o delegado.

Resposta por ponto eletrônico


De acordo com a polícia, a máfia dos concursos agia de quatro maneiras:

candidato usava ponto eletrônico para receber respostas de criminosos que faziam a prova e saíam antes do local com o gabarito;
funcionários de bancas organizadoras preenchiam as folhas de resposta do “cliente” segundo o gabarito oficial;
criminosos usavam documentos falsos para fazer a prova no lugar de inscritos.
E, por fim, candidatos usavam um celular escondido no banheiro para receber as respostas. Segundo a investigação, foi assim que o bombeiro preso neste sábado (1º) teria conseguido fraudar o concurso.

Máfia dos concursos
A suspeita de fraude começou no dia do concurso, em 2017, quando o Corpo de Bombeiros e a polícia localizaram os celulares nos locais das provas.

Desde 2017 a polícia indiciou dezenas de suspeitos de burlar seleções do STJ, das secretaria de Educação e Saúde, do Ministério Público da União e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).

De acordo com o Ministério Público, que ofereceu a denúncia, o grupo também vendeu aprovações na corporação dos Bombeiros e na Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), fraudou vestibulares de medicina e falsificou diplomas e certificados de pós-graduação.

Condenações
Em 2018, a Justiça condenou os nove principais integrantes da máfia. Hélio Ortiz, apontado como chefe do grupo, e o filho dele, Bruno Garcia Ortiz, foram condenados a nove anos de prisão cada um.

Em nota, a defesa dos condenados disse ao G1 que Hélio e Bruno cumprem pena em regime aberto e que a defesa “repudia veementemente as acusações e irá apresentar os recursos necessários e possíveis”.

Mesmo após a prisão dos condenados, a polícia continua investigando as fraudes. Os alvos são servidores que entraram em órgãos públicos com a fraude. A polícia espera prender e afastar fraudadores dos cargos.

As informações são do G1.

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