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Nesta segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em evento na favela Dona Marta (zona sul do Rio), falou que o modelo das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), criado no Rio de Janeiro,  será implantado “nos próximos anos” em todo o país.


O presidente age acertadamente, pois o modelo das UPPs mudou o paradigma de combate ao narcotráfico nas favelas cariocas.


O Governo entendeu que a problemática que envolve as comunidades pobres do Brasil é mais do que um simples caso de polícia.   


Apreendeu o que muita gente falava e escrevia, que muito além da polícia o cidadão dos morros necessitava era da presença do Estado.

O Governador do estado do Rio de Janeiro tem muitos méritos  e teve coragem de enfrentar a bandidagem de forma eficiente e eficaz, diferentemente de governos anteriores, que, ao contrário, se aliou ao crime organizado.


Porém, o que pouca gente sabe é que este modelo de segurança pública foi copiado das Forças Armadas Brasileiras,  posto em prática em suas operações de manutenção de paz no Haiti.


A estratégia não tem nada de fenomenal. É apenas uma lógica de combate. 

Em Porto Príncipe, capital do Haiti, o teatro de operações dos Batalhões Brasileiros, todos os bairros eram, antes da chegada das tropas da ONU, bastiões de grupo armados e “habitat natural” das centenas de integrantes das mais variadas gangues.

Nos bairros haitianos, o Estado não tinha vez. A polícia não entrava e todos os serviços públicos não funcionavam, das escolas aos hospitais. Lá quem mandavam eram os bandidos, com uma peculiar imposição do terror.  

A estratégia dos militares brasileiros, diversas e reiteradas vezes elogiadas pelos staffs das Nações Unidas, era de fácil entendimento e, claro, muito eficiente.

Resumidamente, consistia na seguinte forma: depois estudado todo o perfil de determinada comunidade, terreno, população, grupos armados, tipos de moradias e  tantas outras informações, os militares desencadeavam as operações de ocupação de um local estratégico,  no coração da localidade, e lá impunha uma base de operações, chamada de Ponto Forte.

Do ponte forte, aos poucos, os militares iam ocupando todos os espaços. 

Depois  de escorraçar a bandidagem, começavam uma nova estratégia de combate, agora para angariar a simpatia e o coração das milhares de pessoas residentes da comunidade.

Provida a segurança, traziam assistência médica, alimento, reformas de escola, pequenos serviços de engenharia, alguns empregos e mais, propiciavam aos outros organismos das Nações Unidas a segurança necessária para a ajudar  a população  necessitada.


Em resumo, traziam a presença do Estado.

Entre 2004 , início das operações, e 2006  mais da metade dos bairros de Porto Príncipe estavam pacificados.

Em 2006, por exemplo, o 5º Contingente do Batalhão Brasileiro pacificou o bairro de Cité Militaire e a grande Cité Soleil, uma das maiores e a mais miserável favela da América Latina.   

O Haiti foi dado como pacificado, sem gangues armadas, já em 2008.

A estratégia dos militares brasileiros no Haiti foi importada para o Rio de Janeiro e, devidamente adaptada, virou  as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora).


Mais tarde, obviamente,  foi também devidamente cooptada  para o cenário político eleitoral.


Duvida?! então leia o que está escrito nos jornais de hoje.


“O que foi feito aqui, pelo governo do Estado do Rio, é um exemplo que está sendo seguido por outros Estados. E eu acho que é um exemplo que a gente vai conseguir implantar nos próximos anos em todo o território nacional”, afirmou o presidente Lula.

A UPP é a principal bandeira do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), aliado de Lula candidato à reeleição. Durante o evento de lançamento do programa Rio Top Tour –para incentivar o turismo na favela–, o presidente evitou citar o nome de Cabral. Mas o mencionou indiretamente.


“Estou aqui hoje sobretudo por um pedido do governador que insistiu, há mais de 20 dias, que eu não poderia deixar de vir aqui inaugurar o começo desse programa”, disse Lula.

O evento contou com a presença seis ministros, mas a quadra da escola de samba local não abrigou mais do que cem pessoas (a maioria assessores de ministérios, secretarias e imprensa).

Já o prefeito Eduardo Paes citou nominalmente o governador em seu discurso.


“Não posso falar aqui o nome do governador Sérgio Cabral, mas faço questão de registrar (os avanços na segurança)”, disse Paes em discurso.”


Mas apesar dos pesares, os cariocas estão voltando a ter paz, depois de muitos  e muitos anos sob o terror dos traficantes. 

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