‘Le Monde’, jornal francês, destaca força eleitoral de Marina Silva
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Com um título que já diz tudo, A Promissora Derrota de Marina, o diário francês Le Monde destacou em sua edição de ontem a força eleitoral da candidata derrotada do PV, Marina Silva.
Seus 20 milhões de votos, diz o jornal, são a soma dos “verdes-verdes”, dados pelos militantes da ecologia -, mais os “verdes-azuis”, de “católicos e evangélicos que dividem seus valores cristãos com a candidata” – e por fim dos “verdes-vermelhos”, os “jovens urbanos em busca de uma utopia e decepcionados com o lulismo”.
O jornal tenta traçar os próximos passos da candidata dizendo que ela, valorizada por “sua promissora derrota”, quer agora “retornar à sociedade, mostrar um novo caminho, militar por uma reforma do sistema político”.
No curto prazo, ela vai “pressionar os outros dois candidatos (Dilma e Serra) a tornar verdes seus discursos” – referência ao pacote de exigências que ela apresentou ao PT e ao PSDB para que tenham seu apoio no segundo turno.
Essas tarefas aparecem entremeadas de elogios à postura política e pessoal de Marina. Le Monde destaca “sua integridade, sua retidão moral e sua coerência política”.
Diz que ela “fustiga o nepotismo, o toma-lá-dá-cá, os hábitos da velha política”.
E arremata: “Com sua voz doce e calma, fiel a seus princípios, ela encarna uma estilo político onde a autoridade dos argumentos substitui os argumentos da autoridade.
“Tenacidade”. O autor do texto, Jean-Pierre Langellier, repete a história de pobreza e dificuldades vivida por Marina desde sua infância.
Diz que sua carreira foi forjada “com coragem, inteligência e tenacidade”, e talvez “ainda com maior mérito do que o de Lula, pois ela é mulher e negra”.
Define-a, em seguida, como uma “personalidade diferenciada, politicamente progressista e socialmente conservadora”, esclarecendo aos leitores franceses que, sendo ela “cristã fervorosa”, gostaria de ver “ensinar o criacionismo nas escolas particulares, lado a lado com a teoria da evolução das espécies”.
Com certa ironia, o jornal conclui o artigo com uma ligação entre Dilma e Marina, dizendo que o presidente Lula recupera (a imagem de) sua rival, recorrendo a uma matemática implacável: “Se juntarmos os votos das duas, se percebe que 67% dos brasileiros querem uma mulher na Presidência.”
Fonte: Estadão