Poesia: Negro Aroeira (Canto da Abolição)
- On:
- 0 comentário
Uma Poesia para uma cultura viva |
Por João Beltrão Filho
Sou madeira de dar em doido,
Sou cerne de aroeira…
Sou barranco, agüento o tranco,
Do balanço da peneira…
Sou cerne de aroeira…
Sou barranco, agüento o tranco,
Do balanço da peneira…
Sou como peão do trecho,
Sou seda, não sou molambo…
Sou negro, sou forte, sou bravo,
Conheço bem um quilombo…
Sou seda, não sou molambo…
Sou negro, sou forte, sou bravo,
Conheço bem um quilombo…
Faço renda, faço arte,
Danço, jogo capoeira…
Sou de samba, sou de bola,
Sou cerne de aroeira…
Danço, jogo capoeira…
Sou de samba, sou de bola,
Sou cerne de aroeira…
Nas contas do meu rosário,
Eu exalto a minha fé…
Ao som do meu atabaque,
Negro joga “cangapé”…
Eu exalto a minha fé…
Ao som do meu atabaque,
Negro joga “cangapé”…
Olho gordo não me ofende,
Curo cobreiro e quebranto…
Quando toco o meu berimbau,
Tristeza para longe espanto…
Curo cobreiro e quebranto…
Quando toco o meu berimbau,
Tristeza para longe espanto…
O negror da minha pele,
Não muda meu proceder…
Pois eu amo e sou amado,
Também tenho um bem-querer.