Jornal “O Hoje”, de Goiânia, dá primeira página ao desastre do parque Terra Ronca e repercute nossos posts



O jornal “O Hoje“, um dos principais jornais de Goiânia, repercutiu em primeira página o caso do desastre ambiental no parque estadual Terra Ronca. 


Nós já tínhamos alertado aqui no Blog que a  mídia goiana “deu de ombros” para o desastre ambiental. 

Apesar da boa repercussão, o jornal nada falou do outro acidente ecológico semelhante, ocorrido em Campos Belos. 

Leia a íntegra da matéria publica no Jornal “O Hoje”

“Uma das maiores áreas de Preservação Ambiental do Estado de Goiás, a Serra Geral de São Domingos sofreu danos ambientais tidos como irreversíveis, em decorrência de um deslizamento de terra no Parque da Terra Ronca. 

O registro foi feito pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), em relatório assinado pelo analista ambiental Eric Rezende Kolailat, no último dia 24 de fevereiro. 

Imediatamente, constatou-se um intenso assoreamento de veredas e nascentes, próximas ao ponto de origem do deslizamento, além do risco de extinção de peixes raros (sobretudo o ituí e tuvira), contaminação das águas do rio São Vicente e do complexo de cavernas. 

A devastação causada por grandes blocos de rocha e o assoreamento de veredas são considerados um “impacto irreversível do desastre”, nas considerações do relatório. 

O motivo do deslizamento ainda é investigado, sendo que o Ibama e a Secretaria do Meio Ambiente da Bahia já foram notificados pela Semarh para avaliar a situação. 

A área de preservação está localizada em São Domingos, a 658 quilômetros de Goiânia, e divide território com a Bahia e o Tocantins.

Uma das preocupações, entretanto, é o fato de o território baiano possuir lavouras de soja com uso intenso de agrotóxicos. A primeira mudança notada após o acidente foi a coloração da água do Rio São Vicente, localizado dentro do parque. 
Segundo o prefeito da cidade, Oldemar de Almeida Pinto Filho, a água era cristalina, situação que não reflete mais a realidade. “Antes, mesmo com chuva, demorava apenas três ou quatro horas para que a limpidez voltasse ao normal. Agora, já nem sabemos se voltará a ser como antes”, lamentou o prefeito.

De acordo com a Semarh, a Saneago esteve no local para analisar a qualidade da água e verificar se há contaminação por agrotóxicos advindos das plantações que margeiam o rio. O resultado da análise ainda não foi divulgado.

A assessoria da Semarh informou que sobrevoou a região, juntamente com o Corpo de Bombeiros, e não detectou rompimento em nenhuma curva de nível, próxima à margem baiana, e também comprovou a presença da mata ciliar na região atingida. 

“Na margem goiana não há nada que tenha potencializado o deslizamento, visto que todo o parque tem vegetação 100% preservada e sem a presença humana. 

A partir destas informações preliminares, a secretaria acredita que o deslizamento tenha ocorrido por causas naturais”, informa a nota da secretaria.

Vistoria

A primeira reclamação por parte dos moradores foi registrada no dia 10 de fevereiro deste ano, quando a Semarh foi ao local pela primeira vez para fiscalizar a situação. 

Em visita à nascente do Rio São Vicente, não foi encontrado motivo da coloração escura do rio. Depois disso, em 24 de fevereiro, nova fiscalização ocorreu e a água continuava turva. Foi constatado então que, na área em que houve o deslizamento, há três pontos de declividade.

O prefeito reclama que não foi informado sobre o resultado da avaliação e afirma que será realizada uma reunião com a comunidade de São João, localizada na Terra Ronca, para diálogo com técnicos da Semarh na próxima semana. 

O município, que teve a Secretaria de Meio Ambiente e Turismo divididas, ainda está sem secretários e o prefeito é que acompanha os problemas. “Para a Secretaria de Turismo, ainda não tenho a indicação. 

Já para a Secretaria de Meio Ambiente realizei um concurso para técnico com curso superior e vou nomeá-lo secretário. A situação estará normalizada em 20 dias”, garantiu.

Espécies ameaçadas

O relatório ressalta ainda que, de acordo com o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção e a Instrução Normativa MMA 005/2004, há diversas espécies de peixes ameaçadas de extinção no Parque da Terra Ronca. Alguns deles são popularmente conhecidos, como: pacu, ituí e outros três que deveriam existir no local, mas não há registros de presença.

Apuração das causas

Considerando todo o desgaste do parque, o relatório informou que a Semarh, por meio da Superintendência de Unidades de Conservação/ Gerência de Áreas protegidas, deverá apurar as causas do deslizamento solicitando apoio de órgãos competentes, assim como de outras gerências da própria secretaria.

Na noite de ontem, a secretaria informou que, desde o deslizamento, tem mantido técnicos para monitoramento e estudos sobre o impacto causado. 

Neste momento, o foco das ações “está voltado para impedir que sedimentos cheguem até a caverna de São Vicente, local que abriga uma fauna rara com espécies exclusivas”, consta em nota.

Parque

O Parque Estadual de Terra Ronca foi criado em julho de 1989 e em 1996 teve seus limites estabelecidos por meio de um decreto que englobou o município de São Domingos. 

Com intuito de garantir sustentabilidade, foi criada a Área de Proteção Ambiental (APA) da Serra Geral. Ambas as áreas somam cerca de 57.018 hectares.

Romaria

Região turística pela beleza natural, o local também é palco de uma das maiores romarias do País. 

As peregrinações da Romaria do Bom Jesus da Lapa de Terra Ronca tiveram início em 1929 quando o padre José Maria Martí visitou o local e deixou um pequeno crucifixo de metal. 

A partir de então, as visitas começaram a crescer e tornaram-se tradicionais. Atualmente, a romaria também preocupa devido aos danos ambientais, mas o prefeito garante que todo o lixo produzido no local é devidamente retirado.”

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