Estamos no Rio de Janeiro cobrindo Seminário de Direito Penal

Desde segunda-feira estamos no Rio de Janeiro cobrindo o Seminário de Direito Penal e Processual Penal realizado pela Justiça Militar da União. 

Diversos juristas, ministros, magistrados, advogados, estudantes e operadores do direito estão na capital carioca participando do evento. 

“Brasil está sendo irresponsável com o Estatuto de Roma”, afirma especialista 

 

O Brasil está sendo irresponsável em não adequar as leis
internas aos diversos tratados internacionais dos quais é signatário. 

Esta é a opinião do corregedor-geral do Ministério Público Federal, o
subprocurador-geral da República Eugênio José de Aragão, um dos
palestrantes no primeiro dia do Seminário de Direito Penal e Processual
Penal, promovido pela Justiça Militar da União no Rio de Janeiro.

O palestrante disse, por exemplo, que
o país assinou o Estatuto de Roma – que trata do Direito Penal
Internacional adotado em julho de 1998 – sem fazer as regulamentações
devidas nas leis internas. 
“É muito comum haver tratados internacionais
dos quais o Brasil se torna parte, mesmo com normas domésticas
contrárias. 
Nunca se deu muito valor a adaptações das normas
internacionais ao direito internacional. Essa é a verdade”, ponderou
Aragão.
Segundo o especialista em direito
internacional, há uma omissão constitucional, por exemplo, quando não se
formaliza a entrega de criminosos a outros países, conforme regem as
normas do Tratado de Roma. 
“ Pior é que há regras que ferem “clásulas
pétreas” da nossa Constituição, como a da prisão perpétua e a
possibilidade de passar por cima da coisa julgada. 
E o Brasil assinou.
Isso é um problema sério e que não há uma solução em vista”, disse.
Um outro assunto abordado pelo
corregedor-geral foi sobre a não regulamentação de crimes de guerra pelo
Congresso Nacional, previsto nas convenções de Genebra, das quais o
Brasil também é signatário. “Até hoje não fizemos o dever de casa. 
Não é
culpa apenas do Legislativo. É culpa também do Executivo, pois as
iniciativas, a gente sabe, é desse Poder”, afirma.
Justiça Militar valorizada
Eugênio José de Aragão citou como exemplo a situação das tropas brasileiras no Haiti. “Se
por ventura houver um grande escândalo internacional, uma comoção
internacional, envolvendo nossas tropas, um massacre num bairro
haitiano, por exemplo, e os soldados brasileiros sendo empurrados para
onda de violência, isso seria um problema sério. 
O Tribunal Penal
Internacional vai agir pois o Brasil ainda não estabeleceu e
regulamentou os crimes de guerra”.
Para ele, a Justiça Militar poderia
muito bem assumir essa lacuna, sendo o “guarda-chuvas” dos crimes de
guerras previsto no direito internacional humanitário. 
“Nós temos uma
justiça própria castrense que deve ser de alguma forma homenageada e
preservada. Eu prefiro militares serem julgados pela justiça castrense,
que conhece melhor a cultura da família militar. 
Seria inclusive uma
forma de agregar valor à Justiça Militar, fazendo com que não apenas
julgasse os crimes propriamente militares, como também passasse a se
interessar por essa matéria de direito internacional humanitário e que
desse uma dimensão mais humanista à Justiça Militar”.

Outras informações no site do Centro de Estudos Judiciários 

 

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