Governo de Goiás propõe a criação de três parques no Cerrado, em Monte Alegre, Cavalcante, Alto Paraíso e Nova Roma
O governo de Goiás inicia na próxima terça-feira (23) uma série consultas públicas para discutir a criação de três novos parques em áreas do Cerrado, no nordeste de Goiás: São Bartolomeu, Serra da Prata e Rio São Félix.
As audiências serão realizadas pela Secretaria de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Estado de Goiás (Semarh), com a assessoria da Fundação Pró-Natureza (Funatura), nos municípios goianos de Nova Roma, Alto Paraíso, Monte Alegre e Cavalcante.
As propostas foram elaboradas pelo governo levando em conta o estudo de Áreas Prioritárias para a Conservação no Estado de Goiás, elaborado WWF-Brasil e parceiros, em 2004.
Financiado pelo Banco Mundial, o projeto forneceu subsídios técnicos para que o estado possa cumprir o seu compromisso com o Banco de duplicar a sua área em unidades de conservação de maneira eficiente e representativa.
A análise identificou 40 regiões prioritárias para a criação de novas unidades.
“A conservação de remanescentes naturais e de alvos específicos é fundamental para a manutenção de biomas tão ameaçados como o Cerrado.
Por isso, a iniciativa de Goiás é muito positiva, pois irá proporcionar um aumento das áreas protegidas no Cerrado”, destaca a secretária-geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Brito.
Além disso, de acordo com ela, irá contribuir para que o Governo brasileiro alcance as suas metas de conservação de parcelas representativas de todos os biomas do país.
“Metas essas que foram estabelecidas de acordo com os compromissos firmados pelo Brasil na Convenção sobre Biodiversidade Biológica, das Nações Unidas”, destaca.
Considerado a “caixa d´água do Brasil” – pelo fato de abastecer grandes aquíferos e bacias hidrográficas do país – o Cerrado conta com apenas 3% de sua área protegida por Unidades de Conservação (UCs).
O bioma já perdeu metade de sua vegetação natural e o restante está muito fragmentado, tendo 40% de sua área ocupada pela agropecuária.
Segundo informações da Funatura, essa região no nordeste de Goiás onde os parques estão sendo propostos abriga os maiores remanescentes naturais de várias formações únicas do Cerrado, algumas entre as mais ameaçadas de desaparecimento da natureza.
O conjunto dos três parques abrange desde os campos rupestres de altitude, cerrados, cerradões e a mata seca do vale do rio Paranã.
Todos esses ecossistemas possuem espécies únicas, que só existem ali, algumas ainda sendo descritas pela Ciência.
Nessa região também estão as cabeceiras de rios que formam a bacia do rio Tocantins, cujas águas abastecem as cidades e são utilizadas nas atividades agropecuárias.
Além da conservação dos recursos naturais, a categoria parque ecológico possibilita a expansão e consolidação do turismo de aventura e do ecoturismo.
Esse componente é muito importante para a economia local, uma vez que essa região do nordeste do Estado possui alguns dos municípios de maior carência econômica e social.
E o turismo ligado à natureza pode se tornar uma opção de renda para a população.
De acordo com Maria Cecília, a criação dos parques é um exemplo de visão de planejamento governamental que busca conciliar o desenvolvimento econômico à proteção da biodiversidade e dos ecossistemas.
“Esperamos que as consultas públicas alcancem o resultado proposto e os parques sejam criados e implementadas.
O Cerrado precisa muito dessas áreas para manter a sua biodiversidade e continuar nos oferecendo serviços ecológicos essenciais, como a água”, destaca.
Apoio à gestão de UCs
O WWF-Brasil sempre estimulou as políticas públicas voltadas para a criação e implementação de áreas protegidas nos biomas que atua, com destaque para o Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA), apoiado pela ONG desde 2002.
Outra ferramenta disponibilizada é o Observatório de Unidades de Conservação.
Lançado há um ano, o site reúne, em um único local, dados essenciais para o conhecimento, monitoramento e avaliação das Unidades de Conservação (UCs) no Brasil.
A organização também apoia a melhoria da gestão das UCs. Um dos trabalhos realizados nesse sentido é a aplicação do Rappam, Método para a Avaliação Rápida e Priorização da Gestão de Unidades de Conservação (Rapid Assessment and Priorization of Protected Area Management, em inglês).
A metodologia – construída pela Rede WWF – tem objetivo contribuir para o desenvolvimento de políticas adequadas à proteção de sistemas naturais e para o fortalecimento das áreas protegidas.
O WWF-Brasil aplicou e publicou os resultados da avaliação de mais de 470 UCs no país e está finalizando a publicação do Rappam de Goiás.
O analista de Conservação do programa Cerrado Pantanal, do WWF-Brasil, Júlio César Sampaio, vê na criação dos parques um desdobramento muito positivo desse trabalho realizado em Goiás, com o estudo das áreas prioritárias e o Rappam.
“Esses estudos são ferramentas importantes porque ajudam o estado a planejar e a melhorar o seu sistema de Unidades de Unidades de Conservação e, consequentemente, a ampliar a conservação do Cerrado”, afirma.
Cronograma de realização das consultas públicas em Goiás:
1) Parque Estadual São Bartolomeu -Área nos municípios de Alto Paraíso de Goiás, Cavalcante e Nova Roma:
23 de abril de 2013 – de 14 às 18h – Nova Roma – Câmara Municipal de Vereadores
26 de abril de 2013 – de 14 às 18h – Alto Paraíso de Goiás – Polo da Universidade Aberta do Brasil (UAB)
2) Parque Estadual Serra da Prata – Área no município de Monte Alegre de Goiás
24 de abril de 2013 – de 14 às 18h – Monte Alegre de Goiás – Centro Social de Múltiplo Uso
3) Parque Estadual Rio São Félix – Área no município de Cavalcante
25 de abril de 2013 – de 14 às 18h – Cavalcante – Câmara Municipal de Cavalcante
Os documentos referentes à proposta de criação dos parques estaduais estão disponíveis para consulta no portal da Funatura (versão digital).
A versão impressa pode ser obtida na Superintendência de Unidades de Conservação/Gerência de Áreas Protegidas da Semarh – 11ª Avenida, no 1.272, Setor Leste Universitário, Goiânia – Goiás, e nas prefeituras municipais.
Fonte: Instituto Carbono Brasil