Operação fiscaliza criadores de pássaros
Equipes da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) e do Ibama apresentam o balanço final da Operação Trinca-Ferro, de combate ao tráfico de pássaros e outros animais silvestres.
A operação ocorreu de 15 a 27 de abril, nos municípios de Acreúna, Catalão, Morrinhos, Rio Verde e Trindade, e no entorno do Distrito Federal, (Alexânia, Luziânia, Águas Lindas, Cidade Ocidental, Novo Gama, Valparaíso de Goiás), e contou com o apoio do Grupo Tático da Polícia Civil (GT3).
A operação ocorreu após análise dos dados declarados no Sistema de Cadastro de Criadores Amadoristas de Passeriformes (Sispass), e por denúncias dos próprios criadores amadoristas referentes à declaração de nascimento e transferências.
Na maioria dos casos, essas informações foram inconsistentes e não conferiram com a realidade.
Dessa maneira, as equipes verificaram se ocorreu adulteração das anilhas para regularizar espécimes capturados na natureza já adultos uma vez que o anilhamento deve ocorrer até sete dias após o nascimento.
No total, foram vistoriados 30 criadores amadoristas, onde 27 estavam irregulares totalizando 43 atuações no valor de R$ 159.500, referentes a anilhas adulteradas, desatualização no plantel, informações falsas e por dificultar das atividades de fiscalização.
Considerando que a legislação prevê que todas as aves do plantel devem ser apreendidas em casos de irregularidades, foram apreendidos 194 pássaros, dos quais 92 estavam irregulares e foram depositados no centro de triagem (Cetas), onde serão avaliados para serem reintegrados à natureza.
O restante das aves foi depositado com os próprios criadores.
Todos esses criadores foram embargados e estão impedidos de movimentar o plantel até o julgamento dos autos de infração, que pode gerar o cancelamento do registro.
Ainda durante a operação, foram apreendidos três papagaios que estavam com pessoas sem licença do órgão ambiental competente.
O trinca-ferro-verdadeiro (Saltator similis) é uma ave passeriforme da família Thraupidae.
O nome advém do bico bastante enérgico e fortificado (o quê deu cunho ao nome “trinca-ferro” e a operação), com cauda diferenciada em tamanho.
Essas aves vivem em capoeiras, bordas de matas e clareiras. O canto varia um pouco de região a região, embora mantenha o mesmo timbre.
Essa espécie é autorizada para participar em torneios entre os criadores amadoristas, que apreciam seu canto, o que valoriza ainda mais a espécie e provoca um aumento na procura deste pássaro.
Existem muitos exemplares de trinca-ferro-verdadeiro em cativeiro, mas sua reprodução não é fácil, o que indica que várias destas aves chegaram ilegalmente dos cativeiros e estão sendo “esquentadas” no criadouro.
O grande número de anilhas falsas encontradas nesta espécie é um indicativo disso.
O Ibama e a Semarh vão manter o foco nas fiscalizações nos criadores desta espécie, uma vez que 90% dos criadores estavam irregulares.
A criação em cativeiro exige autorização de órgãos ambientais competentes, visto que este pássaro faz parte da fauna brasileira.
Àqueles interessados em criar esta ave ou outros animais silvestres, é recomendado que adquiram espécimes provenientes de criadouros certificados e anilhados/marcados, a fim de evitar o comércio ilegal de animais silvestres.
Estima-se que no Brasil são retiradas anualmente da natureza, cerca de 38 milhões de espécimes, sendo comercializados aproximadamente, quatro milhões destes.
Neste sentido, sabe-se que os passeriformes representam 80% das espécies utilizadas no tráfico.
Atualmente, o Sistema de Cadastro de Criadores Amadoristas de Passeriformes (Sispass), gerenciado pelo Ibama, é o principal instrumento de controle da atividade no Brasil, com aproximadamente 280.000 criadores cadastrados e cerca de 2 milhões de aves.
A Operação Trinca-Ferro faz parte das atividades previstas em um Acordo de Cooperação Técnica entre a Semarh e o Ibama, para gestão de fauna, visando cumprir o que foi estabelecido pelo Lei Complementar n° 140/2011, onde as responsabilidades de gestão de fauna serão repassadas para o Estado.
Fonte: Semarh