Histórico: jovens e a “Revolução do Vinagre” enfervecem o país


O movimento começou há duas semanas em São Paulo e ontem
explodiu no Congresso Nacional, nas grandes avenidas de São Paulo, Rio de
Janeiro, Porto Alegre, Vitória e outras dezenas de cidades. 

É a “Revolução do Vinagre” fazendo história pelas mãos dos
jovens brasileiros e suas mídias sociais.

Formado em sua maioria por jovens, no início, os ativistas reivindicavam
o cancelamento do aumento das passagens de ônibus da capital paulista, que
subiram vinte centavos.

No entanto, a cobertura factoide da grande imprensa ( TV
Globo, Folha de São, Estado de São Paulo, Diário de Pernambuco, dentre outros)
logo trataram de desqualificar o movimento e a tachar seus integrantes de “vândalos”.

Por três dias consecutivos o Jornal Nacional da TV Globo fez
questão de pautar a cobertura, mostrando “os estragos” feitos pelos “vândalos” nas estações de metrôs, nas catedrais do centro, pichações e depredações.

A parcialidade chegou a tanto, que em um dado momento a
Folha de São Paulo, na mesma página principal do jornal, numa  leitura totalmente política, chamava os
integrantes do movimento da Turquia de ativistas e os do Brasil de “vândalos”.

Somaram-se a isso as declarações inconsequentes e
intransigentes do governador do estado de São Paulo e do prefeito da capital, o que obviamente  legitimou a ação da polícia.

No dia seguinte, legitimada por seus chefes, a tropa foi extremamente agressiva e agrediu deliberadamente os
manifestantes e quem mais estivesse nas ruas.




O resultado não podia ser pior.

Mas desta vez, o discurso oficial do “uso necessário da força”
foi esvaziado pelas centenas de imagens e vídeos da truculência e da violência exagerada do Estado, que logo se tornaram virais na internet. 

Centenas de presos e feridos, jornalistas alvejados
covardemente e ativistas  atacados sem a mínima cerimônia e respeito ao estado
de direito e ao direito constitucional da livre manifestação.
Em uma das imagens que correu as mídias sociais foi sobre a
prisão de um jornalista da revista Carta Capital, que carregava em sua mochila
uma  garrafa de vinagre. 

Ele explicou aos
policiais que era jornalista e levava o vinagre para aliviar os efeitos das
bombas de gás lacrimogêneo.  

Ele foi preso mesmo assim.

Outros dois jornalistas foram alvejados nos olhos por balas
de borracha. Um deles corre grande perigo de perder um dos olhos.

Tudo isso caiu como uma bomba nas redes sociais, o grande
corredor e arena de debates dos novos ativistas. 

E a revolta tomou conta do
país. Agora não era apenas por vinte centavos. 

Já com o nome de Revolta do Vinagre (dentre outros nomes
como a Primavera Brasileira), o movimento ganhou musculatura e solidariedade
nas outras capitais.

E o movimento que era contra o aumento das passagens,  ganhou outras várias bandeiras, engasgadas há tempos nas gargantas dos brasileiros:  a
intromissão da FIFA nos assuntos internos do país; a corrupção desenfreada em
todos os níveis de governo; a volta da inflação; a falta de investimento em áreas essenciais
de serviços públicos como o transporte, a saúde, a educação.



Principalmente em
contradição com os altos investimento nos estádios da Copa do Mundo, na cara,
todos alvos de desenfreada corrupção. 

Só o estádio Mané Garrincha, de Brasília, que custaria inicialmente
750 milhões de reais, no final chegou a mais de um bilhão e meio.   

E a audácia da FIFA foi tão grande, que
obrigou o governo do Distrito Federal a comprar dois milhões em ingressos, se
quisesse agradar seus  convidados no jogo de estreia da Copa das Confederações.

Outros motivos não faltaram para o levante dos ativistas,
como a tentativa do Congresso Nacional em tirar poder do Ministério Público de
investigar – a chamada PEC 37 – principalmente os casos de corrupção.

E pasmem: parece que o levante “Revolução do Vinagre” pegou
todos de surpresa. Tem muita gente boa por aí até agora calada sem saber o que dizer. 

E hoje deve ter mais…

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