Médicos têm que sair de seus “castelos” e governo tem que democratizar o ensino de medicina





Há no Brasil excepcionais médicos e eles são importantíssimos para o país e para a nossa sociedade. 


Mas o corporativismo dos médicos e de suas entidades de classe já passou dos limites. 



No Brasil temos um problema seríssimo de saúde pública. Centenas ou até milhares de pessoas morrem todos os dias por falta de atendimento médico de qualidade. 



É certo que o governo colabora e deixa em estado de penúria muitos hospitais, clínicas e postos de saúde, sem as mínimas condições estruturais. 



Mas os médicos têm sua parcela de culpa. 



Primeiro porque não querem ir para os rincões do país ou para as periferias das grandes cidades onde há o maior número de pessoas em situação de risco e os mais necessitados.  



Mesmo os “doutores” recém-formados não querem nem saber de “dar o sangue”, dar sua cota aos mais necessitados.  



Preferem ficar nas capitais para continuarem as especializações e tentarem ganhar muito dinheiro nos hospitais e clínicas privadas. 



Não querem deixar a vida boêmia dos barzinhos, shoppings e badalações dos grandes centros para a se dedicarem ao ofício no interior do país, que como todos sabem não tem “qualidade de vida”. 



Obviamente há exceções, mas são poucas. 



E o mais sério de tudo isso é que a grande parte dos médicos do Brasil são formados em universidades públicas, ou seja, com o seu, o meu, o nosso dinheiro. 



Por isso é que acho justa a medida tomada pelo governo em obrigar os médicos a “servirem” (uma espécie de serviço militar para o civil) o SUS nos últimos dois anos de formação. 



E também foi acertada a medida de importar médicos de fora, já que os brasileiros não querem sacrificar-se. Nada mais justo do que chamar os estrangeiros.  



E ainda não falei do péssimo relacionamento entre médico e paciente nos hospitais públicos do país, que é de uma falta de humanismo medonha. 



Muito deles ainda não entenderam que ser médico é muito mais do que uma simples profissão. 


O “Ato Médico” votado pelo Congresso Nacional e vetado por pela presidente Dilma Rousself nos seus artigos mais polêmicos é um bom exemplo da sanha corporativista da classe.  


Não tem médico suficiente para atender às pessoas nos casos mais graves e eles (os médicos) ainda querem monopolizar precedimentos mais simples como a aplicação de injeções, vacinas e até acupuntura.  


Ainda bem que a presidente foi sensata e vetou parte desta lei “Fanfarrona”. 

Agora os médicos vem com retaliação contra o governo e contra a sociedade que deseja mudanças urgentes na gestão da saúde pública. 



Há gente por aí morrendo de câncer sem a mínima chance de um tratamento digno.


Outro dia, convocados pelas entidades dos médicos (sindicatos e conselhos), foram para as ruas “protestarem”. 



No dia de hoje os médicos estão convocando pela internet um boicote no site do ministério da saúde, só para atrapalhar. 


A ideia é fazer com que todos os profissionais se inscrevam no programa Mais Médicos, lançado pelo governo federal na última terça-feira (8/7). 



Os profissionais não dariam prosseguimento às outras etapas da seleção.


Por meio de mensagem que circula no Facebook, os profissionais da saúde são orientados a fazer o cadastro no programa e boicotar as etapas posteriores. 



A grande quantidade de cadastros, de acordo com o comunicado, faria com que o sistema de avaliação do programa ficasse sobrecarregada e dificultasse o processo. 


O atraso faria com que o Conselho Federal de Medicina (CFM), ganhasse mais tempo para conseguir uma liminar na justiça e barrar a importação dos médicos estrangeiros. 


Tenho que se chegou ao limite do absurdo. 



Governo tem que democratizar o curso de medicina



Há um ditado que diz que por trás de um grande médico há uma grande família. 



E esta família tem que ter muito dinheiro, acrescento.  


Primeiro porque só passa nos vestibulares de medicina quem estudou o ensino básico (fundamental e médio) em bons colégios. 


E estes colégios são, em sua grande maioria, privados e caros. 


Aí só eles, os filhos das famílias abastadas, passam nos vestibulares de medicina e estudam nas melhores universidades (que são públicas). 



Quem não passa nas públicas, podem fazer nos cursos de medicina privados, que são caríssimos, em torno de 4 mil reais por mês. 


Os médicos recém-formados que estudaram nas universidades públicas terminam os cursos e não devolvem nada para a sociedade, que pagou seus estudos. Não há devolutiva.



Vão montar seus consultórios ou atenderem em hospitais privados para ganhar dinheiro. Essa é a verdade.  


Por isso o governo tem que estudar uma possibilidade de se democratizar o ensino de medicina, para que os filhos competentes das famílias mais pobres possam também tornarem-se médicos.   



Eles, com certeza, compreenderam as necessidades (além médica) dos mais pobres e carentes.


E uma das maneiras é abrir mais e mais cursos de medicina Brasil afora. 


Há que quebrar a parede erguida pelas entidades da classe médica contra a abertura de mais cursos e de quebra acabar com essa pseuda reserva de mercado e a consequente democratização do curso de medicina.  


O país e nós precisamos de mais médicos. 


Enquanto isso não ocorre, os médicos estrangeiros são muito bem-vindos. 

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