Papa Francisco deu um show. Mas Igreja precisa avançar nos “tabus”


O Papa Francisco, em sua passagem pelo Brasil, deu um show de simpatia, humildade e
compromisso com os mais pobres, falando a linguagem dos jovens, enfim,
conquistou o coração dos brasileiros.
Mas nem tudo são flores na vida da Igreja Católica.
O Papa deixou de tocar em temas polêmicos e que precisam ser
vistos, urgentemente, sob pena de a Igreja continuar a estar longe das pessoas,
de seus fieis.
O nosso colega de Universidade, o jornalista Gerson
Camarotti, numa entrevista exclusiva ontem para a Globo News e para o programa
Fantástico, teve um bate-papo muito bom e transparente com o pontífice, mas deixou de tocar em
assuntos pertinentes.
Vi o Papa Francisco dizendo que os jovens devem ir às ruas,
devem participar de uma revolução. “Saiam das igrejas e vão para as ruas”, ordenou o Bispo de Roma.
Claro que entendi o que ele quis dizer e a igreja católica
precisa muito dessa revolução dos jovens. 

Mas esta revolução tem que começar
dentro da própria Igreja de Pedro, quebrando tabus inconsistentes e não sintonizados
com a sociedade moderna.
Por exemplo, por que a mulher ainda não tem poder dentro da
igreja? 

A mulher cada vez mais tem encontrado seu espaço
e vem decidindo a vida de milhões de pessoas.
Por que a Igreja insiste em deixá-las em segundo plano?
E os métodos contraceptivos? O sexo sempre foi um tabu para
os religiosos e que o tem apenas para a procriação. Mas a sociedade muda e não
é mais assim.
O sexo hoje é feito entre as pessoas, na grande maioria das vezes,
por prazer. E tem que ser assim. É bom
para o casamento, é bom para a família.
Imagine se em cada relação sexual entre um casal, casado a
20, 30 anos,  fosse para procriação? 
E as pessoas, principalmente as brasileiras, com raríssimas exceções,
 não pensam como a Igreja. 

A pílula anticonceptiva
faz parte do dia a dia das mulheres brasileiras, desde muito cedo e a Igreja
não aceita essa realidade.
A camisinha, também não aceita pela doutrina católica, é
outro exemplo de falta de sintonia com a sociedade atual.
A camisinha é uma ferramenta importantíssima  nos métodos anticonceptivos e também muito
eficaz na promoção da saúde pública, que protege as pessoas contras as inúmeras
doenças sexualmente transmissíveis.
O celibato é incompressível. Quais as justificativas de um
padre não poder constituir a sua família? 

Até porque se autorizado o casamento
dos padres, seria até mais uma forma de eles (os sacerdotes) entenderem os problemas cotidianos que ocorrem dentro de uma família.
Hoje mesmo vi uma declaração do Papa Francisco, dada dentro
do avião que o levou de volta a Roma, dizendo que a questão das mulheres se
tornarem sacerdotes está sepultada para sempre e isto já foi definido pela
Igreja.  
A justificativa, segundo o pontífice, é de que Jesus não
escolheu, entre seus discípulos, mulheres.
Claro que não escolheria. 

A sociedade judaica daquela época
era essencialmente machista, como ainda a é as sociedades islâmicas e outras
orientais. Era a cultura de dois mil
anos  atrás.
Mas isso já foi ultrapassado pelas sociedades modernas, principalmente
as ocidentais, e a mulher já está em
outro patamar de valorização.

Então, a Igreja se quiser mesmo fazer uma revolução tem que
começar cortando a própria carne e rever alguns tabus que hoje já
não faz mais sentido. 

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