Artigo: “É o combate às fake news, estúpido!”
Não é perseguição ou censura à liberdade de expressão, mas sim a contundente luta contra a indústria das fake news.
A distorção de valores se acentua no desabafo presidencial de que a imprensa que o defende é perseguida. Se defende, não é imprensa.
Não há inocência no compartilhamento de um vídeo que causa o linchamento e a morte de uma mãe de família, no boato que faz com que idosos caiam na lábia de quadrilhas e percam a pouca aposentadoria que recebem, nas fake news que fazem com que as pessoas se automediquem e se exponham à morte, na mentira que desonra a imagem de indivíduo e causa o suicídio.
É contra este tipo de abominação e contra quadrilhas das fake news, que curiosamente mantêm relações escandalosas e execráveis com grupos que estão em diversos governos, que são urgentes medidas reais de coação e combate.
Da mesma forma, mas com ferramentas distintas, vemos surgir ações na sociedade civil como a Sleeping Giants, que vem desvendando uma das faces mais absurdas das estratégias de alimentação do mercado das fake news, que é sua forma de sustento.
A única coincidência entre a deflagração dos inquéritos do STF e das denúncias da Sleeping Giants é a simultaneidade. De resto, são medidas que, quer seja no seio do poder público judiciário quer seja na sociedade civil, demonstram que a guerra contra as fake news e as quadrilhas que atuam em meio ao caos da desinformação não pode ficar apenas no discurso, e deve ganhar ares de concretude.
Num amanhã possível, o resultado que se espera é que a repercussão promova uma legislação mais efetiva para criminalizar tais atos, e que a sociedade deixe de enfrentar com normalidade o compartilhamento de “notícias falsas”.
Autor: Alexsandro Ribeiro é professor nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda do Centro Universitário Internacional Uninter.