Analfabetismo no nordeste de Goiás impera. Cavalcante, infelizmente, é o pior município do estado

Interior da escola municipal em
Vão das Almas, em Cavalcante (GO)
Interior da escola municipal em
Vão das Almas, em Cavalcante (GO)

O nordeste de Goiás está sempre se destacando, negativamente, em levantamentos estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 
O índice de analfabetismo teve queda considerável em Goiás na última década. Mas o nordeste do estado amarga as últimas posições. 


Em 4 anos, pouca coisa mudou. 
Com dados de 2011 (censo de 2010), Brasília lidera entre as cidades brasileiras com o menor índice de analfabetismo do país, com apenas 3,2%, na faixa etária até 15 anos de idade. 
Goiânia também está bem na fita, com um percentual de 3,3% na mesma faixa. 
Mas ao analisar detidamente os dados, é de se lamentar os índices dos municípios do nordeste de Goiás, que tem uma população cerca de 151.870 pessoas. 
Cavalcante, na Chapada dos Veadeiros, amarga a última posição do estado, com 26,9%, ou seja 1.693 pessoas. Um pesadelo!
Outras cidades da região não ficam atrás: Monte Alegre (25%), Campos Belos (15,2%), Alto Paraíso (11,2%), Simolândia (17,8%), Teresina de Goiás ( 12,8%), São Domingos (23,4%), São João da Aliança (14,2%), Alvorada do Norte (17,4%), Posse (15,3%), Guarani de Goiás (22,8%), Divinópolis de Goiás (21,1%), Nova Roma (20,1%). 
É bom lembrar que os índices acima são para a faixa etária de até 15 anos de idade. Quanto maior a idade das pessoas, maiores são os índices de analfabetismo. 
Só para comparação, em Cavalcante, cerca de 70% das pessoas acima dos 60 anos são analfabetas. Já na faixa etária entre 40 e 59 anos, este número cai para 37,7%. 
No estado de Goiás como um todo, esse índice caiu de 10,8% em 2000 para 7,3% em 2010. 


Em números, são nada menos que 362.829 goianos na faixa etária de 15 anos ou mais que não sabem ler nem escrever.
O problema é mais sério nas faixas etárias mais velhas: 166.477 (29,6%) pessoas analfabetas com 60 anos ou mais e 131.052 (9,7%) de 40 a 59 anos — são 52.479 (3,4%) de 25 a 39 anos e 12.821 (1,2%) entre 15 a 24 anos.

E 44.837 pessoas negras (13,8%) do Estado são analfabetas; entre os pardos, 197.162 pessoas (8,8%); entre os brancos, 115.862 (6,1%). 

Negros e pardos, que formam a maioria da população, têm mais que o dobro de brancos nessa categoria — 241.999 contra 115.862. Amarelos e indígenas completam esse contingente somando 4.966 pessoas.
Nas cidades

O município goiano com o menor porcentual de analfabetos é Goiânia, o que se compreende pela priorização de investimentos por parte do governo estadual e da prefeitura que arrecada mais recursos. São apenas 3,3% de analfabetos na Capital, que em números absolutos chega a praticamente 34 mil pessoas.

Mas a pequena Anhanguera, na microrregião de Catalão, Sul do Estado, também tem um índice invejável. 

Lá, apenas 3,7% da população de pouco mais de mil habitantes não sabe ler nem escrever. Como são apenas 30 pessoas nessa condição, não é difícil imaginar que a prefeitura pode se dar ao luxo de procurar uma por uma para oferecer a alfabetização.

Inversamente, em porcentuais, dois municípios goianos ostentam índices de inaptos no alfabeto que abrangem mais de um quarto de suas respectivas populações: Cavalcante, na Chapada dos Veadeiros (Norte do Es-tado), com 26,9%, ou 1.693 pessoas) e Castelândia (25,3% ou 716 pessoas), no Sudoeste do Estado.

Importante observar que em 2010, 200.123 goianos não sabiam ler e escrever — considerando a população que estava em creches, pré-escola, classe de alfabetização e alfabetização de jovens e adultos —, mas que neste ano já conseguiram suprir essa deficiência, pelo menos a maior parte deles.

Considerando o ranking nacional, Goiás está em oitavo lugar entre os Estados com menor porcentual de analfabetismo. 

O índice de 7,3% fica abaixo do nacional, que é de 9,6%. No Nordeste o analfabetismo atingiu o índice de 19,1%, seguido das regiões Norte (11,2%), Centro-Oeste (7,2%), Sudeste (5,4%) e Sul (5,1%). 
Nos Estados, a taxa de analfabetismo maior está em Alagoas (24,3%); a menor, no Distrito Federal (3,5%).

Índice cai, mas o País não está bem na fita

A taxa de analfabetismo entre a população brasileira com 15 anos ou mais diminuiu 4 pontos porcentuais entre 2000 e 2010 segundo os Indicadores Sociais Municipais do Censo Demo-gráfico 2010, divulgados no mês passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número caiu de 13,6% para 9,6%.

Mesmo com essa diminuição, a taxa de analfabetismo na região Nordeste ainda ultrapassa um quarto da população, chegando a 28% das pessoas nessa faixa etária. 

A situação no Nordeste é preocupante. Se na média do País a proporção de adolescentes e jovens que não sabiam ler e escrever atingia 2,5%, no Nordeste era praticamente o dobro (4,9%), com mais de 500 mil pessoas nessa faixa etária.

Na Região Sul o porcentual era de 1,1% e no Sudeste, de 1,5%. Entre jovens e adultos, o levantamento revela que 32% deles não contavam com o programa Educação de Jovens e Adultos (EJA). 

O estudo também deixou claro as diferenças em termos de alfabetização nos resultados segundo cor ou raça. 
Enquanto entre os brancos, o porcentual de analfabetos para pessoas com 15 anos ou mais era de 5,9%, entre os pretos atingiu 14,4% e entre os pardos, 13%. Na área urbana, o indicador passou de 10,2% para 7,3% da população. Já nas áreas rurais, ele teve uma melhora de 29,8% para 23,2%.


Com textos e dados do Jornal Opção, de Goiânia 

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