Casario histórico é demolido em Arraias (TO). Comunidade não gostou








Arraias, no sudeste do Tocantins, é uma das mais antigas e belas cidades do país.


Ela conserva até hoje uma forte cultura histórica, traços vistos nas manifestações religiosas, nas festas profanas e principalmente na sua arquitetura urbana, com casarios antigos e ruas que remetem aos séculos XIX e XX.


Mas, vez por outra, o “progresso” ameça esse bem cultural riquíssimo e precioso, que o Poder Público e a comunidade têm a obrigação de zelar e preservar.  


Vera Carrico, uma defensora ferrenha das belezas e principalmente da cultura arraiana, nos informou que recentemente mais um pedaço da história da cidade foi destruída, sem o mínimo constrangimento. 


A famosa e tradicionalíssima residência do casal José Nunes e Alzira Nunes, localizada na Praça da Matriz, bem no centro histórico de Arraias, foi demolida para dar lugar a uma nova construção. 

A casa, segundo nos conta Vera Carrico é de 1937. Quantas riquezas históricas  foram destruídas em poucas horas?” indaga Vera. 


Repercussão nas redes sociais


A repercussão da destruição do casario de “Seu José Nunes” e de “Dona Alzira” foi imediata. 


“É mesmo lamentável, a Praça ficou mais triste e perdeu muito do seu glamour. Uma visão apática de um muro que hoje ocupa o lugar do lindo casarão de Didinha Alzira. 


Uma saudade de olhar e contemplar pela janela do Museu aquela rica e preciosa obra, tão rara e importante para o povo de Arraias, afinal, um Patrimônio Histórico que tínhamos orgulho apresentar aos turistas”, escreveu Diran Franco.


” Vera, não tinha nenhum herdeiro pra cuidar dela? Nem sempre as pessoas pensam do mesmo modo e talvez o proprietário atual não tinha nenhuma vontade de deixar ou recuperar como ela era antes”,  questionou Magali Alves. 


“O senhor José Nunes  era um senhor bem vaidoso, andava sempre bem alinhado, de calças de linho bem passadas e sapatos bem engraxados por mim. 


Quando me avistava, chamava para engraxar seus sapatos marrons. Me lembro como hoje. Havia vários guris que andavam pelas ruas de Arraias após o Grupo Escolar Silva Dourado, do outro lado de um riozinho próximo a cachoeira, após o almoço, a procura dos senhores que apreciavam bater-papo nas calçadas de suas residências.


Como ele próprio, Seu José Nunes, Joaquim de Sena, Rosalvo Carvalho, Chico Pontes, Eujácio Pontes Jardim, Solon Batista, Antenor Santa Cruz, Josino de Abreu, Antônio Conceição e tantos outros.


Por talvez fazer bem feito, eu era o engraxate preferido deles e assim, ganhava uns troquinhos para comprar cadernos e lápis com borracha; quando sobrava comprava picolé no bar do “Dezão”. 


O senhor José Nunes era pai de um dos melhores amigos Arraianos, que encontrei no Rio de Janeiro, o inesquecível Otávio de Sena Nunes. “Que tempo bom, inesquecível”.


É lastimável a notícia que demoliram a casa de José Nunes” lamentou Almir Costa Martins. 

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