Esplanada tem protesto por reforma agrária, com acampamento de São João da Aliança (GO)





Integrantes da Frente Nacional de Luta (FNL) fecharam três faixas do Eixo Monumental, na área central de Brasília, na manhã desta segunda-feira (13) em manifestação por reforma agrária, demarcação de terras indígenas e quilombolas e protesto contra o projeto de lei que transfere o poder dessa demarcação do Executivo para o Legislativo. 


Às 7h30, eles seguiam sentindo Esplanada dos Ministérios.


Os manifestantes ocuparam três faixas durante parte da passeata, que ocorreu no sentido Congresso Nacional. A Polícia Militar acompanhava o grupo. Segundo a corporação, cerca de 800 pessoas participaram do protesto. A organização estimava 1,2 mil.


O trânsito no Eixo Monumental ficou congestionado durante o protesto e chegou a ter três quilômetros de congestionamento. Motoristas que acessaram a via tinham como alternativa acessar o Setor Militar Urbano (SMU) ou a Epia Sul. Alguns passaram pelo grupo reclamando do ato e foram xingados pelos integrantes do FNL.


Uma das líderes da FNL, Jéssica Camargo, afirmou que eles pedem que famílias que moram há anos em terras griladas sejam assentadas. O coordenador José Rainha falou que o grupo pretende se “hospedar” no gramado em frente ao Congresso até esta terça (14).


“Vamos acampar no gramado enquanto conversamos com o governo federal. Vamos nos reunir com os ministérios do Desenvolvimento Agrário, da Ciência e Tecnologia e da Educação”, declarou.


Apesar das pautas, Rainha afirmou que não tem reuniões marcadas com as pastas. Nesta terça, a FNL deve se unir em um ato com indígenas na capital federal.


O grupo chegou ao Congresso Nacional pouco antes das 9h. Havia cerca de 60 policiais militares, equipados com capacetes e coletes, no local.


Os manifestantes se acomodaram no gramado atrás da Alameda dos Estados. Pedaços de bambu foram posicionados no gramado para a montagem de tendas. Na chegada, eles seguraram uma faixa com críticas à presidente, com os dizeres “Dilma, o dinheiro roubado da Petrobras é suficiente para fazer reforma agrária no Brasil”.


Um dos dirigentes nacionais da FNL e presidente da Confederação Nacional da Agricultura Familiar do Brasil, Carlos Lopes, disse que o grupo não tem filiações políticas e cobra uma postura mais firme do governo federal. 


“Não aceitaremos mais o descaso do governo para com essa área. Estamos aqui de forma apartidária. Neste início do segundo governo, a Dilma não sinaliza ações positivas. O primeiro também teve resultados negativos.”


O agricultor Benjamin José da Silva, de 72 anos, mora há três meses no acampamento Nelson Mandela, em São João da Aliança, em Goiás, e participou do ato. 


“Trabalhava na lavoura dos outros. Aí agora trabalho no assentamento. Quero uma terra para mim. É a primeira vez que participo de um movimento social, acho que podemos pressionar o governo.”


O manifestante André Porfírio, de 25 anos, trabalha como vigia em Alto Paraíso de Goiás e mora no acampamento Dorcelina Forlador. Ele disse que participa do movimento porque quer viver no campo.


“Já tenho a minha horta no meu barraco e quero sair da cidade para a terra. Precisamos de melhores condições, a vida é muito difícil lá. Meu filho [de 5 anos] estuda, mas é complicada a situação”, afirmou.


O grupo também esteve na sede de alguns ministérios para tentar as reuniões. Segundo a coordenação da FNL, na pauta de pedidos para o Planejamento estão a apresentação do orçamento do Incra para 2015, o aumento de recursos para a compra de terras da reforma agrária, a criação de um grupo de trabalho, o aumento de 175% nos salários de servidores do Incra, a abertura de um concurso público e a abertura de uma ouvidoria sobre a dívida pública.


Fonte: G1

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