Série de reportagens: Em Campos Belos, os mais importantes investimentos do governo estadual vieram nos anos 70

Por Jefferson Victor, 


Distante 620 quilômetros da Capital do estado, Campos Belos pertence a Goiás e faz fronteira com a Bahia e com o Tocantins, portanto, é marco divisório das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.


É um entroncamento importante, bem parecido com a posição geográfica de Anápolis, a qual se desenvolveu devido a sua localização que facilita o escoamento da produção.


Campos Belos está localizada a 400 quilômetros de Brasília, 420 de Palmas (TO) e 320 de Barreiras (BA), sendo todos os acessos ligados por asfalto. Sua principal atividade econômica é o comércio, o mais completo de toda região, e com isso, possui uma população flutuante estimada em 50 mil pessoas.


Campos Belos viveu o seu apogeu de investimentos, a nível de governo estadual, na década de setenta, onde foram implantados no município vários empreendimentos que alavancaram o desenvolvimento da região, lembrando que na época a população local era de 3.6 mil habitantes, segundo dados oficiais.


A instalação do  Crisa  em 1973  foi uma das nossas  maiores conquistas, todas as estradas eram de terra e mal conservadas, com atoleiros intermináveis.


Gastava-se até três dias de viagem para chegar em Brasília, e com a chegada do Consórcio as estradas melhoram de forma significativa, beneficiando toda população regional.


Vieram também a Celg, Saneago, a Rodoviária Municipal, e o Colégio Polivalente, um dos oito instalados no estado na ocasião, e que revolucionou o estudo regional já que oferecia ensino médio com cursos profissionalizantes.


Também foi construída a  Casego, com a finalidade de armazenar a produção de várias localidades e com isso o produtor podia esperar a melhor oportunidade para comercialização da safra.


Outra grande obra foi a instalação do até então Hospital Regional de Campos Belos, que até hoje é uma referência, apesar dos poucos recursos existentes, já que foi municipalizado mas continua atendendo pacientes de todas localidades.


Pela inciativa privada foi instalado no município a primeira  agência bancária, o Bradesco, que contribuiu de forma significativa no desenvolvimento da região.


Nestas quase cinco décadas subsequentes, a pavimentação asfáltica da GO-118, a instalação da unidade da UEG e o esgoto, foram os mais importantes investimentos recebidos a nível de governo estadual.


Porém, a Universidade não evolui em termos de cursos, são os mesmos desde a implantação, já não há postos de trabalhos para os formandos.


A Usina de Tratamento de Esgoto não cumpre o seu papel, o rio Montes Claros recebe o esgoto praticamente sem tratamento, uma água esverdeada, fedorenta e atualmente é alvo de investigação pelo Ministério Público, sem contar que a conta dobrou e a população ribeirinha ficou sem água.


O aeroporto prometido pelo então governador Alcides Rodrigues, com hangares, balizamento noturno, pista para aeronaves de grande porte e linhas regulares, resumiu-se em asfaltamento de uma pista ondulada, estreita, típica de campo de aviação para teco-teco. Uma decepção.


Obra do Vapt Vupt encontra-se paralisada, a energia rural foi prometida e não cumprida, asfalto para Divinópolis suspenso, para Pouso Alto nunca saiu do papel, água do Rio Mosquito é uma promessa de mais de 15 anos e não se tem uma confirmação de quando será inaugurada.


A nível federal vieram o Banco do Brasil, Caixa Econômica, e o Instituto Federal Goiano, o qual funciona precariamente de forma improvisada, já que a construção da sede encontra-se paralisada.


As demais obras importantes do município, foram através de contrapartidas da prefeitura, os gestores ao longo dos anos, se desdobraram para atender as necessidades da população, mesmo o asfaltamento das vias urbanas tiveram participação de capital municipal.


Como se pode notar, há um esquecimento ou descaso com os empreendimentos necessários ao desenvolvimento do município.


Todos os prefeitos que administraram Campos Belos, neste período, tiveram papel importante no desenvolvimento local, todos frequentaram o Palácio das Esmeraldas em busca de recursos, muitas promessas, muitas ordens de serviços assinadas e poucas obras realizadas.


Nossa esperança é que o vice governador, que é do nordeste goiano, tenha um maior emprenho em desenvolver esta região que foi tão embalada pelo progresso nos anos setenta e que amarga quase cinco décadas de engodos eleitoreiros.


As fotografias são de Heliana Barb. Veja outras fotos

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