Documentário “O Índio Cidadão?” é exibido na Tenda Literária Indígena



Por Ana Ferrareze, 


O documentário O Índio Cidadão? estreou o espaço de projeção da Tenda Literária Indígena neste sábado, às 20h30. 


Todos que estavam na Aldeia Multiétnica foram convidados para assistir ao filme do diretor Rodrigo Arareju, lançado em 2014, que fala sobre a visão que originou a criação dos direitos constitucionalistas das Nações Indígenas. 


“Resgatamos arquivos da época em que os indígenas coordenaram o movimento político de participação popular na Constituinte, em 1987/88”, conta Rodrigo. “Foi um duro processo de conquista, informação importante para aqueles que reclamam que os indígenas têm muitos direitos no Brasil. Eles lutaram por isso”.


O diretor, que é advogado, resgatou entrevistas do Diário da Constituinte da época e as refez para o documentário. Em paralelo, mostrou e abordou as duas mobilizações nacionais ocorridas em Brasília 25 anos depois, em 2013, contra os ataques legislativos do Congresso Nacional aos direitos constitucionais dos indígenas.  


Um dos elementos mais fortes do documentário é discussão sobre o genocídio na Nação Kaiowá Guarani, do Mato Grosso do Sul. Valdelice Veron, do Grande Conselho Aty Guasu, conduz a narrativa sobre a questão. Ela viveu essa dor na própria pele. Viu seu pai, o cacique Marcos Veron, ser morto durante a retomada de sua terra em 2003. 


“Mais de 290 lideranças foram assassinadas nos últimos 10 anos”, conta Rodrigo. “Assumimos o compromisso de lutar a favor dessa etnia, que é a segunda maior do País, com mais de 50 mil indígenas”.


A produção foi feita por não-indígenas em colaboração com indígenas, como Alvaro Tucano (pesquisa histórica), Patxon Metuktire (tradução do Kaiapó), o cineasta Kamikia Kisede e Tsitsiã e Gedeão Xavante (tradução Xavante). 


Durante todo o processo de criação aconteceram inúmeras reflexões e discussões sobre como o filme poderia ser produzido e utilizado para ajudar a Nação Indígena brasileira. Até o momento ele já foi transmitido 25 vezes pela TV Câmara, atingindo mais de 1 milhão de espectadores.


Sobre a Aldeia Multiétnica, Rodrigo considera um importante intercâmbio cultural para discutir realidades e lutas. “Para o público, é a ótima chance da convivência direta, já que a maioria das pessoas só recebe informações por meio de filmes e antropólogos”, afirma. 

Texto e fotos: Encontro de Culturas dos Povos Tradicionais da Chapada

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