Alto Paraíso (GO): Estreia de Chicotinho Queimado agita Casa de Cultura no domingo



Por Ana Ferrareze,

A banda que fez todo mundo dançar na Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge no domingo à noite é filha de São Jorge: os seis integrantes se conheceram há duas semanas na cidade. 


A baiana Jerusa Leão é quem uniu a trupe. Voz e violão, ela começou um projeto com o ritmo em Toronto, no Canadá, onde morou por cinco anos. Lá, a banda se chamava Maria Bonita. Aqui, se tornou Chicotinho Queimado.


“Era muito envolvida com música brasileira no Canadá e me encontrei no forró”, conta ela. Entre os músicos que integram a banda estão dois franceses – um na sanfona e outro na percussão –, uma violinista norte-americana e duas brasileiras: uma que sai no triângulo e no pandeiro e outra na zabumba. 


O repertório engloba o regional de Pernambuco, da Paraíba, clássicos da sanfona de 8 baixos. “São as antigas do forró pé de serra, Gerson Filho, Trio Luar, Marinês”, explica Jerusa.


O primeiro show já recebeu boas energias para a banda estreante. A Casa de Cultura ficou cheia e o público dançou até a madrugada ouvindo Chicotinho. 


Depois da temporada em São Jorge eles pretendem ir para o Recife, aprimorar o repertório e o conhecimento musical.


Um Canela na Aldeia





Ao chegar na aldeia, na manhã desta terça, observei um senhor que conversava com uma das produtoras da Aldeia Multiétnica deste ano . 


Ele mostrava um vídeo no celular de uma das danças de seu povo. “Nossa língua é bem parecida com a dos Krahô, muda só a forma de pronunciar as palavras”, comentou durante a conversa na qual eu já estava fazendo parte. 


Severo Ronko é Canela e o único representante do seu povo na aldeia que fica no Maranhão, próximo da cidade Fernando Falcão. 


“Passa Barra do Corda, depois Fernando Falcão e um pouco depois chega na minha aldeia”, explicou mostrando com um desenho no chão batido perto da sua barraca que está junto ao acampamento do Kayapós. 


Logo ali do lado está seu varal com alguns artesanatos que trouxe para vender. São colares, pulseiras e cestos. Eu e meu colega fotógrafo não resistimos e acabamos comprando algo, Severo é bom ao negociar e dar descontos. 


– Quanto é esse cesto aqui? – perguntou um Kayapó.
– São dois por R$15, R$7,50 cada… mas pra você faço por R$10 as duas. 


Ele acabou vendendo uma só. O dinheiro que ele arrecadar vai ajudar no pagamento da passagem de vinda que ele pagou sozinho. Foram dois dias de ônibus para chegar até. 


“Mas a volta vai ser de avião, já estão vendo aqui pra mim. Vou até São Luiz e depois pego um ônibus”, disse. 


– E tem bastante peixe na sua aldeia?
– Tem bastante brejo lá, mas não tem mais peixe nos riozinhos ali. Vamos até outro rio pescar. Mas caçamos muito também, comemos Cutia, Veado e Tatu. 


– Jacaré vocês comem? – perguntou Leonil, o meu colega fotógrafo.
– Comemos sim. Tem povo que não, mas a gente come. É uma carne branca, é boa. 


Ao voltar pra casa Severo vai encontrar sua aldeia em festa. “É uma das maiores festas, é a festa do peixe. Me ligaram da aldeia perguntando quando eu vou voltar e avisando que a minha neta é a rainha da festa”.  


– mas quanto tempo dura essa festa? Perguntou Leonil.
– um mês.

– Ah, então o senhor vai conseguir aproveitar! Falei aliviada.


Fonte: Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros 

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