Artigo: Cadê a água do Rio Mosquito?





Por João Beltrão Filho, 


Sem querer ser e já sendo repetitivo, repiso, “a água é vital para a vida”. 


Quem quer que somos, onde quer que vivemos, o que quer que façamos, dependemos todos dela para viver e ou  sobreviver.


“A água mantém viva a vida no planeta e também é o sustentáculo de toda humanidade. De forma indispensável, é usada para consumo, higiene, produção de alimentos, navegação, geração de energia, dentre outros.” (sic).


A água é possivelmente o único recurso natural que afeta a civilização em todos os sentidos, seja na vida humana, na agricultura, pecuária, na dessedentação de animais, nas indústrias, nas fábricas, nas usinas, nos veículos, na produção de bens e muito mais. Em resumo, não existindo água, não existe vida.


A água, cantada e louvada em tantos versos, prosas, poesias e canções, serve de inspiração a poetas, escritores e artistas plásticos, é parte integrante da cultura mundial. A água tem papel fundamental na religiosidade dos povos. Tida como purificadora, em muitas religiões os batismos nas igrejas são praticados com água, simbolizando o nascimento de um novo ser. 


Em várias passagens bíblicas é fácil perceber a importância que sempre teve a água desde os primórdios. Quando do Dilúvio, a água foi o instrumento utilizado por Deus para punir os corruptos e corruptores que desobedeceram ao Senhor, disseminando o pecado. 


Foi também nas sagradas águas do Rio Jordão o batismo do seu Filho Unigênito e nosso Pai Senhor Jesus Cristo. Foi nas águas do Rio Nilo que Deus, por intermédio de Moises, revelou a primeira praga aos Egípcios que culminou com a libertação dos Hebreus. E assim em muitas outras ocasiões a água é evidenciada como um sinal sagrado da existência de Deus.


Ter água doce, perene, cristalina, abundante e de boa qualidade é o sonho que acalenta todo ser vivo racional que habita esta terra. Nós, moradores do pequeno e aprazível município de Campos Belos, não somos diferentes.


Localizado na região nordeste, notadamente a menos favorecida do estado, Campos Belos tem experimentado nas últimas décadas um forte sopro de progresso e desenvolvimento e a olhos vistos temos percebido que nos últimos anos as autoridades políticas do estado têm voltado ainda que de forma tímida e tardia suas ações para nossa “esquecida” região, ainda é pouco, mas continuamos esperançosos em melhores dias. 


Em que pese termos ainda que conviver com os problemas estruturais que afligem a esmagadora maioria dos municípios brasileiros, a nossa cidade tem um comércio pujante, uma pecuária forte e uma vertente promissora para o turismo e a mineração, faltando um pouco mais de investimento do governo nestas áreas.


Um dos maiores gargalos que impedem o progresso e o desenvolvimento do município é a péssima qualidade da água “ofertada” a um alto custo aos nossos munícipes pela empresa Saneamento de Goiás S/A – Saneago, concessionária da prestação de serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário do Estado. 


A água fornecida é salobra, dura,  tem um sabor horrível, e é publico que o Rio Montes Claros onde é feita sua captação em pouco tempo não resistirá à ação antrópica do homem, encontra com sua mata ciliar desmatada, assoreado e parte das suas águas desviadas para outros fins, dando sinais reais que pode secar a qualquer momento.


Disse o saudoso poeta Raul dos Santos Seixas: “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade.” Pensando assim, irmanados em um só desejo, o povo de Campos Belos e o seu prefeito, Aurolino José dos Santos Ninha, acalentam um sonho de mais de 30 (trinta) anos, o da realização das obras de captação e canalização das águas doce do Rio Mosquito e sua distribuição na cidade. 


A água doce do Rio Mosquito é de boa qualidade, cristalina, saborosa e abundante. Segundo especialistas, pode ser consumida “in natura”.


No ano de 2014 recebemos jubilosos a feliz noticia que o governador Marconi Perillo, com a prestimosa ajuda do vice-governador José Éliton e do deputado Iso Moreira assinou ordem de serviço para realização do “tão sonhado sonho”, a mais esperada obra da nossa história, a captação, canalização e distribuição da água doce do Rio Mosquito e mais, ainda premiaria a cidade com a Universalização do Esgoto Sanitário, um investimento de mais de cinquenta milhões de reais. 


Foi uma felicidade só, muitos não acreditavam quando chegavam carretas e mais carretas de tubos e materiais para o começo das obras. E o serviço foi iniciado a todo vapor, licitação realizada, empresa contratada, funcionários a postos, máquinas locadas, escritórios alugados, tudo certinho, e nosso povo era só alegria, dava gosto de ver.


Passados alguns meses vejo com tristeza e muita preocupação o ritmo das obras minguar, o escritório da empresa contratada foi desativado, funcionários demitidos, as máquinas locadas dispensadas e os serviços seguem a passos lentos, devagar, devagarzinho quase parando, receio que as obras sejam paralisadas ou não concluídas, o que será para todos nós uma indescritível desilusão, um incalculável prejuízo socioeconômico e um imensurável desgaste político.


Tenho fé inabalável em Deus e na palavra do homem, por isso venho, por meio deste importante meio de comunicação, com toda humildade e muito respeito, implorar, suplicar, pedir, rogar ao senhor governador Marconi Perillo e seus colaboradores, em especial o vice-governador, José Éliton, que tão bem conhecem nossas aflições, e em quem depositamos nossas maiores esperanças, que pelo amor de Deus, que por tudo que é mais sagrado, não permitam que esta obra seja paralisada, não frustrem o sonho da população de uma cidade inteira alimentado por anos a fio.


Sou cônscio das dificuldades financeiras por que passa o País e o estado, mas segundo informações este recurso já existe e está empenhado para este fim. Ademais, esta é uma obra autossustentável, visto que a comunidade pagará caro pela água e o esgoto que fizer uso. As gerações futuras haverão de vos agradecer.


Acredito e confio na sensibilidade e na seriedade do senhor governador e sei que sua palavra quando empenhada não volta atrás. “O nosso sonho não pode se tornar esperanças perdidas.” É o desabafo de um cidadão sonhador.


Que Deus nos guie, nos abençoe e nos guarde, hoje e sempre. Amém!



João Beltrão Filho, técnico em Agropecuária pela Escola Agrotécnica Federal de Rio Verde/GO, licenciado em Gestão Pública pela Universidade Estadual de Goias – UEG, pós-graduado em Educação Ambiental pela Universidade Cândido Mendes/RJ – Ucam – E-mail: pmcamposbelos@bol.com.b)

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