Tensão no Campo: Sem Terras reocupam fazenda em São João da Aliança (GO). Líder do movimento é expulso da FNL





Imagens do momento da reintegração (gravado pela FNL)

Continua tensa a situação no campo na região de São João da Aliança e Alto Paraíso de Goiás, no nordeste do estado.

A polícia militar, com apoio de 13 viaturas da GPT (grupo de patrulhamento tático) e homens do batalhão de choque da PM goiana conseguiram cumprir o mandado judicial de reintegração de posse na última sexta-feira (5), após muita negociação e sem confronto grave. 

As negociais foram entre oficiais da PM e o líder da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) em Goiás, Hugo Zainda, que lidera cerca de mil famílias que ocupavam as quatros áreas da fazenda Cerrado e Isabel. 


No entanto, segundo o sargento Elias Alves, que comanda a PM em São João da Aliança, não se passou nem um dia  do cumprimento da reintegração de posse, e o movimento de Sem Terras ocupou o local novamente. 


Hoje conversamos também com Hugo Zaidan. Ele disse que durante a desocupação, foram queimados barracos e um avião dedetizador sobrevoou a localidade e ateou veneno numa plantação de milho e feijão dos integrantes do movimento, de cerca de 700 hectares. 


“Colocaram veneno  com um avião na plantação e o povo está acampado agora na rodovia. Algumas pessoas passaram mal devido ao veneno”, disse uma integrante, via whatapp.  


Líder é expulso da FNL


A mesma integrante diz que o líder nacional da FNL, José Rainha Júnior, resolveu expulsar o líder goiano do movimento, Hugo Zaidan.


Rainha é ex-lider do MST e agora líder da FNL. Ele foi condenado em junho passado, na Justiça Federal, a 31 anos de prisão, por desvio de recursos de assentamentos do MST. Leia mais 


Hugo Zaidan disse que não recebeu a notificação oficial da FNL, mas tem conhecimento do áudio e confirma a cisão da FNL.  


“Nós hasteamos uma bandeira branca e não pertencemos mais à FNL. 


Vamos fundar outro movimento, com outro nome. Rainha queria que radicalizássemos o movimento e não aceitei. Tenho muita experiência no campo e não vou radicalizar. Por isso, resolveram me expulsar”, disse Zaidan. 


Um áudio distribuído na região e feito por Petra Magalhães, coordenadora da FNL no DF, diz que Hugo Zaidan não faz mais parte da organização e foi expulso por toda a direção da FNL. 


Petra pede desculpas pelos atos imorais e irresponsáveis do militante Zaidan. E diz que aquilo que tiver dentro das normas e princípios do movimento, toda a direção do FNL está disposta a lutar. 


O áudio, no entanto, não cita quais foram os atos imorais e irresponsáveis de Hugo Zaidan. 


Cerca de 4 mil famílias, lideradas por Zaidan, ocupam 9 áreas no nordeste de Goiás.  Duas em Alto Paraíso de Goiás, duas em Formosa e sete em São João da Aliança. 


O movimento argumenta que todas as áreas pertencem ao ex-diretor da Assembleia Legislativa do Paraná, Abib Miguel, conhecido como Bibinho, e que foram compradas com dinheiro público roubado. 

Caso Bibinho 


Em junho passado, a Justiça do Paraná aceitou uma denúncia contra Abib Miguel. Ele e outras 12 pessoas são acusadas de crimes como lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Dentre os denunciados, há sete parentes de Bibinho.


De acordo com o Ministério Público, Bibinho foi responsável por desviar mais de R$ 200 milhões dos cofres públicos usando funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa. O caso veio à tona com a série de reportagens “Diários Secretos”, publicada pela RPC e pelo jornal Gazeta do Povo.


Segundo as informações apuradas à época, Bibinho foi apontado como a figura principal do esquema de contratações irregulares no Legislativo paranaense. 


As nomeações eram publicadas em Diários Oficiais, com impressão reduzida, que nunca eram distribuídos. A série intitulada “Diários Secretos” ganhou o Prêmio Esso de Reportagem, a principal premiação do jornalismo brasileiro.


Alguns dos processos aos quais Bibinho respondia chegaram a receber condenação por parte da Justiça. No entanto, em março deste ano, o Tribunal de Justiça do Paraná decidiu anular todas as condenações, cujas penas já somavam 37 anos de prisão em regime fechado. 


Dos três desembargadores que analisaram o caso, dois votaram pela anulação das condenações por apropriação de dinheiro público, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.


O entendimento dos desembargadores foi de que houve cerceamento da defesa durante a condução do processo. 


Em um dos depoimentos prestados por Bibinho, o advogado não pode acompanha-lo, e ele afirmou que só falaria na presença do criminalista. Desta forma, os processos voltam à primeira instância.


Com informações da Folha de SP e do Portal G1

Racha: Audio da FNL comunica expulsão de líder

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