Monitoras de creche de Campos Belos dizem que sofrem exploração e desvalorização profissional na educação municipal
Foto meramente ilustrativa |
Servidoras do município de Campos Belos, nordeste de Goiás, entraram em contato conosco para denunciar que já não suportam mais serem exploradas e desvalorizadas.
Elas relatam, inclusive, abusos por parte dos gestores municipais, que chegaram a intimidá-las e a ameaçá-las, por simplesmente estarem reivindicando melhorias na sua condição de trabalho.
Esses profissionais são de suma importância para a comunidade, pois cuidam e zelam pelo bem mais precioso que todos nós temos, que são as nossas crianças.
Reivindicar é um direito e por isso sugiro à prefeitura, aos gestores, que ao invés de partirem para a intimidação, para as ameaças, façam o contrário: dialoguem.
Chamem as monitoras para conversar, negociem e cheguem a um bom termo para ambas as partes.
Lembro aos caros gestores que passou a época da intimidação. Isso é coisa do século passado. Hoje quem não tem o poder da negociação, quem quer levar tudo do seu jeito, está fadado ao fracasso.
Olhem o exemplo da presidente do Dilma Rousself.
Isso vale também para o diretor do câmpus da UEG, em Campos Belos, no que diz respeito à questão dos estágios.
Leia o relato das monitoras das creches municipais
“As servidoras da Rede Municipal de Educação, da modalidade de Educação Infantil, de Campos Belos – Goiás, sofrem exploração e desvalorização do profissional da educação.
Haja vista que desenvolvem 2 (duas) funções ao mesmo tempo, uma de “Auxiliar” cuja finalidade é de zelar pela higienização (banho, troca de fraldas, escovação e outros), e alimentação das crianças, dentre outras atribuições.
E desenvolvem também outra função, a de “Docente” (professor), onde realizam trabalhos pedagógicos conforme os Parâmetros que regulamentam a Educação Infantil, bem como as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil.
Vale ressaltar que desde a implementação da educação infantil na LDB – Lei de Diretrizes de Base da Educação Nº 9.394/96, incluindo as creches nessa modalidade de ensino, a mesma deixou de ter um caráter meramente assistencialista, assumindo então função de cuidar e educar.
Com isso, a creche assume um importante papel no sentido de contribuir para a formação integral das crianças, atendendo as exigências da LDB.
Observa-se portanto, que a instituição (creche) a partir de então, necessita muito mais que “cuidadores”, passando a ser necessário profissionais habilitados em nível médio (magistério) ou nível superior em pedagogia.
Desse modo, as “monitoras” assim chamadas, vem desempenhando dupla função Professor/Monitor, sendo uma atividade além da educação.
Contudo, a Educação Municipal de Campos Belos – Goiás, em especial a modalidade da Educação Infantil (creches), conta com um quadro de profissionais capacitados e habilitados para a função docente, pois grande parte das monitoras possuem nível superior, são pedagogas, e outras estão concluindo curso superior em pedagogia.
E ainda, a maioria dessas profissionais com nível superior já são especialistas na área pedagógica, com isso, valorizando e engrandecendo o nível da Educação oferecida nas creches atualmente.
No ano de 2010 foi aprovado o Plano de Carreira do Magistério da Educação do município de Campos Belos-Goiás (Lei 10.48/2010), onde enquadrou as monitoras de creche no mencionado plano, com as mesmas atribuições e direitos reservados ao professor.
E mesmo exercendo também o trabalho docente, as monitoras não deixaram de sofrer discriminações, e ainda são desrespeitas em sua carga horária de 30h semanais, sendo obrigadas a cumprir uma jornada de trabalho diária de 6 horas diretas sem interrupção em sala de aula, executando o plano de aula, e seguindo a rotina da creche (momentos na sala de vídeo, na sala de brinquedos e no parquinho; banhos e refeições), onde apenas mudam de ambiente, mas que não despensa por um segundo a presença e atenção das monitoras.
É importante ressaltar que toda atividade pedagógica e de cuidados, é encarregada para uma monitora apenas por sala de aula, independentemente da quantidade de alunos, vez que todas as salas das creches do município de Campos Belos encontram-se superlotadas, desrespeitando o espaço estabelecido de 1 (um) metro e meio para cada criança, conforme exige os Parâmetros Básicos de Infra-estrutura para Instituições de Educação Infantil – 2008, com isso, violando também o direito da criança.
É importante salientar que a valorização dessas monitoras de creche, vem se arrastando por anos, com uma vasta exposição de motivos acerca da irregularidade e ilegalidade da questão, incluindo dados da legislação, fundamentando na LDB, Lei9.394/96, no FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), Lei nº 11.494/2007, na própria resolução n°1, do CNE (Conselho Nacional de Educação), bem como destacando trecho do Parecer CNE/CEB (Câmara de Educação Básica) n° 04/2004, aprovado em 27 de janeiro do ano de 2004, fazendo uso de analogia ao caso concreto.
A indignação maior ocorreu neste último mês (fevereiro/2016), visto que a complementação do Piso Salarial (Lei Federal nº 11738/2008), onde foi “pago” (complementado o piso salarial) aos professores municipais da educação de Campos Belos-Go, exceto para as “monitoras” das creches desse município.
Contudo, a Secretária Municipal de Educação Edna Luciana Xavier Muniz, não manifestou até o momento para justificar o fato.
Vale lembrar também, que desde o ano 2015 não se faz este reajuste de complementação do piso salarial para as monitoras de creche, que desempenham trabalho pedagógico, que fazem parte do Plano de Carreira do Magistério do município, bem como das Leis e Diretrizes que regem a Educação Infantil.
As monitoras de creche representadas pelo presidente do Sindicato Municipal dos Servidores Municipais de Campos Belos – Go, SINDIBELO, Adroaldo Oliveira Ribeiro, tentaram de várias formas conversar com a secretária municipal de educação para esclarecer a situação, que por vez não foi atendido, bem como não manifestou nenhuma justificativa.
Desse modo, as monitoras pararam com o trabalho docente (de professor), como forma de protesto, ao reconhecimento e valorização profissional. As monitoras ficaram somente a disposição do trabalho de “auxiliar” (cuidadora), que é zelar pela higienização, cuidados e alimentação das crianças.
E como consequência dessa atitude, as monitoras receberam intimidações verbais e ameaça de seus chefes imediatos, como também da secretaria municipal de educação. Absurdamente tentaram obrigá-las a assinar advertências emitidas pela já citada secretaria, e ainda receberam ameaças de demissão.
Desse modo, não havendo respaldo da situação por parte da Prefeitura Municipal e Secretaria Municipal de Educação de Campos Belos – Go, as monitoras decidiram juntas ao SINDIBELO, entrar em greve a partir do dia 21 de março de 2016 (segunda-feira).
As monitoras respeitosamente vieram a este meio de comunicação expor a situação que estão passando, para a comunidade de Campos Belos-Go, em especial os pais que possuem crianças matriculadas nas creches do município. As monitoras entendem a necessidade dos pais e pedem a colaboração e o entendimento de todos nessa luta, pois as mesmas buscam oferecer o melhor atendimento e cuidados aos seus filhos, mas de forma valorizada e reconhecida.
Monitoras das Creches Municipais de Campos Belos – Goiás.
Campos Belos-GO; 16 de março de 2016.”