Um poema, para aliviar: “Motiba, a deusa, e as lágrimas azuis”



Este Poema é uma homenagem ao menor rio do Brasil e o terceiro do mundo, o Rio Azuis, localizado em Aurora, Tocantins, a 491 km de Brasília-DF.


Uma deusa concebida a partir das águas do Rio, representa a Urgência da Verdade e a Transparência Humana – como horizonte existencial. 


É também a noção de Sobriedade – que nosso Mojica tanto nos ensina, pois Motiba nos remete a coisas simples, mas fundamentais à vida.


“Motiba, a deusa, e as lágrimas azuis”
           
Diante da beleza dos Azuis
Da água do rio,
E dos azuis do céu,
O paradoxo.


Ora, a menor bacia d’água que há
Projeta a imensidão do alto
E a existência do mar,
Temos certo.


Uma deusa discreta,
Conta a lenda,
Foi aprisionada por seu amado
Nas rochas de Pangeia.


Era o ciumes de uma perfeição desafiada.
Seu nome era Motiba.


A sua beleza tal,
   [ fazia reluzir
A morte terna de quem se fizesse admirar.
Não era possível conter-se.


Ainda assim seu esposo não suportava ver
   [ tantos a humilhá-lo àquela devoção.
Era um deleite ao prazer platônico.
O êxtase sensacional.


A nirvana do simples olhar.
Sem toque, sem se embebecer,
   [ a embriaguez delirante.


Jogava-se por entre montanhas
   [ todo homem
   [ pensando agora poder voar.
Insuportável disputa,
Eis que seu preferido a esconde singela
   [ dentre as pedras que emergem


Na Aurora de um canto sublime qualquer.
Mobiba
Jamais se faria sua parte gente,
Novamente.


Tornada em prantos e aflição,
Dor e solidão,
A deusa
Fez brotar por entre as rochas,
Num fundo invisível,
A mais bela nascente de águas límpidas.


Eram suas lágrimas a escorrer
Do centro da montanha.


Não havendo assanha,
Fizera Motiba novamente
   [ o deleite do homem,
Mas fizera o seu próprio.


Eis que a graça das lágrimas azuis,
Ao sentir-se pele e corpo,
O mergulho estonteante
Faz carícia na face da deusa no cárcere.
Cativa,
A diva a se libertar,
Escorrendo sorrisos
Ao encontro do mar.


Na alegria das crianças a brincar
   [ de buscar no fundo as pedrinhas claras;
No êxtase da ninfa que sente 
   [ suas entranhas a vibrar
No beber dos pássaros após o cantar,
No prazer dos enamorados
   [ se entregando no ato 
De apaixonar-se.


Era assim a forma que 
Motiba,
A deusa 
Se faria projetar vida;
Encontrar-se-ia em nova realeza.


Na pureza daquele chorar;
Na transparência de seu sabor
   [ quase vegano;
No toque delicado de suas águas,
A simplicidade e a singeleza
      [ que justifica o nascer humano.


A deusa da verdade,
Na verdade,
É transcendência.


E de suas tímidas águas
Transparentes,
O espelho a presentear de luz
O mar,
O céu
E o homem a amar…


Autor: Marconi Moura;


É professor e escritor. Formado em Letras pela UnB, pós-graduado em Direito Público pela Faculdade Damásio de Jesus, foi também Secretário de Educação em Cidade Ocidental (Entorno de Brasília). 


Atualmente, integra o quadro de servidores efetivos da Universidade Estadual de Goiás, Campus Campos Belos.

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