Você é branco, pardo ou negro? MPF consegue na Justiça alterar edital da UFG que trata do programa de cotas para candidatos ao vestibular
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Diversos tipos de pardos |
O Ministério Público Federal (MPF) em Goiás conseguiu, junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), acórdão determinando que a Universidade Federal de Goiás (UFG) não exclua sumariamente do vestibular o candidato que se autodeclara beneficiário do sistema de cotas eque, depois de aprovado, não consegue comprovar a condição declarada.
Entenda – devido a diversas representações de estudantes que questionavam a política de ações afirmativas instituída pela UFG, por meio do programa UFG lnclui, o MPF instaurou procedimento investigatório, em 2009, para verificar a legitimidade do programa.
Ocorre que o edital do programa prevê que o candidato do sistema de cotas que se declara negro e não tiver essa condição aceita por uma comissão da UFG, ao invés de ser transferido automaticamente para o sistema universal, é excluído por completo do processo seletivo, mesmo que tenha ele pontuação suficiente para ser aprovado sem o benefício.
A procuradora da República Mariane Guimarães, responsável pelo caso, entende que os estudantes que não se amoldam na cota especial possuem o direito subjetivo de disputar o vestibular no sistema universal, em igualdade de condições com os demais concorrentes.
Para o MPF, a autodeclaração reflete a percepção do próprio candidato sobre a sua identidade étnico-racial, não podendo ser sancionada em caso de não confirmação, pois muitas vezes sequer estudiosos do assunto arriscam um conceito seguro de raça.
Mariane Guimarães adverte, no entanto, que se restar comprovado que o estudante agiu dolosamente, apresentando declaração falsa com o objetivo de usufruir ilegalmente do benefício das cotas, poderá vir a responder judicialmente, inclusive na esfera criminal.
O MPF peticionou, nesta terça-feira (22), à 8ª Vara da JF em Goiânia, requerendo a intimação da UFG para adequação do Programa UFG Inclui 2019, atualmente em curso, ao que dispõe o acórdão do TRF1, ou seja, não incluir como sanção, nos futuros editais de seus processos seletivos, quaisquer cláusulas que excluam ou eliminem do vestibular os candidatos que tentaram e não conseguiram o beneficio do programa.
Para mais informações, leia a íntegra do acórdão do TRF1 (processo nº 2010.35.00.02217-0).
Como saber se sou pardo, segundo o IBGE
O que é uma pessoa parda? Já deve ter dado para entender que a palavra pardo, no sentido literal, é usada com referência a brasileiros com variadas ascendências étnicas.
A miscigenação mulata, que são os descendentes de brancos e negros; Os que são filhos de brancos com índios, ou seja, a cabocla e a cafuza; Os filhos de negros e indígenas.
É sempre importante lembrar que essa é uma classificação do IBGE que apresenta definições para as cinco nomenclaturas e que cada um tem a liberdade de dizer como se classifica.
O que é uma pessoa parda para o IBGE?
Já os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios continua 2016 (Pnad Continua), divulgado no final de 2017, revelaram que 46,7% dos brasileiros se declaram pardos. Fato é que se considerar pardo é muito mais uma questão de identificação pessoal do que definição.
Como se autodeclarar pardo
Se autodeclarar pardo é muito simples: basta afirmar que você é. Não é necessário realizar nenhuma comprovação de quem são seus ancestrais – sua palavra se declarando pardo é o que basta para os órgãos do governo.
Como saber se sou pardo para concurso
Quando se fala de concursos públicos ou vestibulares para ingresso em universidades públicas, o primeiro passo é se identificar como pardo e, depois, aguardar a aprovação do órgão.
Essa é uma maneira de evitar fraudes no sistema.
Mas já há decisões judiciais invalidando a legalidade das Juntas das Universidades que decidem quem é de qual raça.