Atraso sem fim: Teresina de Goiás e mais 11 municípios de Goiás ainda estão na era da internet 2G

Enquanto há expectativa pela chegada da quinta geração da internet móvel, o 5G, mais de 32,2 mil pessoas em Goiás vivem à margem das possibilidades que uma conexão de qualidade permite. 


É que 12 cidades no Estado só possuem o 2G, tecnologia que chegou ao Brasil a partir dos anos 1990. Porém, conforme obrigações de cobertura definidas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), operadoras assumiram compromisso de levar a essas localidades o 3G até 31 de dezembro deste ano.

Além de depender da tecnologia mais antiga, a população nesses municípios só tem opção de contratar o serviço de uma operadora. 


O que piora a situação é a qualidade, que ainda fica aquém do indicado pela Anatel em três cidades (Anhanguera, Cumari e Teresina de Goiás). A cobertura é outra dor de cabeça. 

Uma cidade é considerada atendida quando a telefonia atinge 80% da área urbana, o que deixa algumas residências, empresas e o campo no que se chama de sombra, onde o sinal some.

Do interior às grandes cidades, o descompasso é grande, bem como entre as tecnologias 2G e 4G – que está presente em 73,9% do Estado. “O 2G mal dá para receber e-mail, a velocidade é muito baixa. 


O 3G dá para navegar na internet, mas não permite assistir a vídeos. E com 4G se faz de tudo”, explica o presidente da consultoria Teleco, Eduardo Tude. Para acessar com tranquilidade as redes sociais, mandar e receber vídeos, como caiu no gosto do brasileiro, é preciso ter a quarta geração da internet móvel.

Quando não se tem essa possibilidade, o socorro vem do Wi-Fi, da internet fixa. É assim para o funcionário público André Marques, de 46 anos, que vive em Anhanguera. “Tenho smartphone, mas não consigo carregar nada, por isso tenho de procurar Wi-Fi nos locais. 


Não adianta ter crédito no celular, nada baixa, é uma dificuldade só”, expõe. Nem por isso ele deixa de tentar se comunicar pelas redes sociais, o que gosta de fazer. Quando viaja e visita cidades como Catalão, diz que a diferença brilha aos olhos.

É que ele depende do 2G onde mora. Agora, aguarda melhorias com o 3G, previsto para chegar ainda este ano ao município, apesar de ser uma tecnologia lançada no País há 15 anos. A demora é explicada pelo fato de as operadoras não terem obrigação de ampliar a cobertura em localidades com menos de 30 mil habitantes em 2019.

A prioridade segue a lógica do mercado, onde há mais pessoas, a internet está mais disponível. Anhanguera, por exemplo, é o município com menor número de habitantes de Goiás – são 1.137, segundo o IBGE.

Cobertura

Embora o atendimento em telefonia móvel sujeite-se aos interesses comerciais das operadoras, a Anatel informou à reportagem que, com objetivo de promover a ampliação desse serviço no País, “vem estabelecendo cada vez mais obrigações de cobertura dos municípios brasileiros, por meio dos editais de licitação de radiofrequências para a prestação do SMP (Serviço de Comunicação Multimídia)”.

“O que houve é que a licitação dos 700 megahertz (4G) deveria ter estendido o compromisso para o 3G, mas o governo não colocou esse compromisso de cobertura. Se tivesse, todas as cidades teriam pelo menos o 3G”, analisa Tude ao lembrar do compromisso de atendimento do 4G, que encerrou em 2017 e atendeu apenas municípios com mais de 30 mil habitantes.

Conforme as regras da Anatel, pelo menos três prestadoras deveriam fazer o atendimento dos municípios com população entre 30 mil e 100 mil habitantes com tecnologia 3G até 2017. Já para 4G, pelo menos uma prestadora deveria fazer o atendimento a essa mesma faixa de municípios no País. O que foi cumprido em Goiás.

Mas há casos em que por estratégia de operadoras houve um salto, ainda que sem obrigação, do 2G direto para o 4G. 


É o caso de Amaralina, Bonópolis, Nova Iguaçu de Goiás e Uirapuru. E isso foi feito pela Tim, que tem política para avançar a cobertura da última tecnologia para o interior e programa específico para atender o agronegócio, o que também impacta a área urbana. 

Entretanto, o que ocorre na maior parte do interior é que a Anatel entende que só pode existir no máximo 20% das áreas de uma cidade sem cobertura por causa da própria proposta do serviço, a mobilidade. 

Quanto mais longe das torres, o usuário entra nas áreas de sombra e há degradação do sinal. E quanto mais antiga a tecnologia, maior é o desafio de superar alterações geográficas e até climáticas para oferecer o serviço.

Enquanto o 2G, que iniciou a era da internet em qualquer lugar, é descontinuado em nível internacional, por aqui ele deve permanecer, ao menos por enquanto, com outras tecnologias. Isso porque ainda existem aparelhos mais antigos que só são compatíveis com ele.

Por outro lado, a qualidade, independente da tecnologia, é avaliada pela Anatel, mas de forma regional e não por municípios. Por isso, mesmo que a Vivo esteja abaixo da meta no quesito conexão em Anhanguera, Cumari e Teresina de Goiás, supera o indicador no Estado. 


Sobre isso, a operadora informou que vai ativar nesses municípios o 3G nos próximos meses. A obrigação pela Anatel de fazer a inclusão é da Claro em Anhanguera e da Oi nas outras duas cidades. Apesar da cobertura limitada, as reclamações dos consumidores goianos contra operadoras pela qualidade dos serviços caiu de 5.034 para 4.539 de 2017 para 2018.

Fonte: O Popular

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