Maldade: pássaro na gaiola não canta, ele lamenta; é hora de acabar com essa cultura ultrajante

Por Jefferson Victor,

Nos anos 1960, eu ainda criança, seguindo uma tradição da época, aderi à criação de pássaros em gaiolas. Até mesmo usei alçapão, que é um tipo de armadilha para capturar canários, isso porque havia a promessa de revenda por um preço encantador.

Pura ilusão, esse comprador não aparecia e os passarinhos tinham sempre um triste fim.

Curiós eram valorizados e havia o mito que um sofreu assoviava o hino nacional e que, um exemplar foi trocado por um fusca, era o que se tinha de melhor na indústria brasileira.

Janio Quadros, presidente, desfilou em um no dia da posse.

A meninada vivia o sonho de ganhar um bom dinheiro comercializando pássaros, com isto na região de Taguatinga (TO) quase que o sofreu desapareceu, mas ninguém vendeu, era só especulação.

Hoje é raridade ver um solto na natureza, parece que reproduzem muito pouco.

Com a consciência ecológica, caiu consideravelmente a criação de pássaros em gaiolas.

Quem planta árvores tem o privilégio de ouvir o canto sem aprisionar, eles cantam de graça, não dão despesa nenhuma, estão sempre em busca de comida.

Em meu quintal vejo beija-flores, sofreu, anum, pássaro-preto, sabiá-laranjeira, periquitos, figueiras, tucanos, maritacas, alguns que não identifico e até o desconfiado papagaio.

Ele é arredio, não costuma frequentar zona urbana.

Assim como amamos a liberdade, os pássaros também amam.

Na natureza o canto é de alegria, é o meio de comunicação das espécies, assim como conversamos.

A gaiola é um martírio, o bichinho passa o dia todo se debatendo estressado, ele procura insistentemente uma brecha de fuga, seu canto é de tristeza, é um lamento.

Muita gente conhece a música de Luiz Gonzaga que fala “furaram o zóio do Assum-Preto pra ele assim, ai, cantar mió,” uma alusão à maldade ou ignorância humana, por não ver a luz ele canta de dor, diz a letra.

Apesar da vigilância das autoridades na defesa da nossa faúna, milhares de passaros são retirados dos ninhos e da proteção de seus pais para abastecer o mercado clandestino, principalmente na região Nordeste do Brasil.

Manter pássaros em gaiolas é crime ambiental com pena de seis meses a um ano de prisão e multa.

Se você ama os pássaros, sai dessa.

Letra e música Assum Preto, o lamento

Letras

Tudo em volta é só beleza
Céu de abril e a mata em flor
Mas assum preto, cego dos zóio’
Não vendo a luz, ai, canta de dor

Mas assum preto, cego dos zóio’
Não vendo a luz, ah, canta de dor

Talvez por ignorância
Ou maldade das pior
Furaro os zóio’ do assum preto
Pra ele assim, ah, cantar mió’

Furaro os zóio’ do assum preto
Pra ele assim, ah, cantar mió’

Assum preto vive solto
Ma’ não pode avuá’
Mil vez a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ah, pudesse oiá’

Mil vez a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá’

Assum preto, o teu cantar
É tão triste como o meu
Também roubaro o meu amor, ai
Que era a luz, ah, dos zóio’ meu

Também roubaro o meu amor, ai
Que era a luz, ah, dos olhos meu
Também roubaro o meu amor, ai
Que era a luz, ah, dos olho meu

Também roubaro o meu amor, ai
Que era a luz, ah, dos olhos meu
Também roubaro