Rio Bezerra: não sou contra a empresa, mas apenas um defensor do desenvolvimento sustentável



Acho que não me fiz
entender ou não estou me comunicando direito.

Lendo alguns comentários
sobre a terrível situação do Rio Bezerra, percebi que muitos dos leitores acham que sou contra a instalação da empresa
Mbac/Itafós nos municípios de Arraias (TO) e Campos Belos (GO), na exploração
de fosfato.

Não. Não sou contra a
empresa. Pelo contrário, sou demasiadamente a favor de qualquer pessoa ou
empresa que desbrave, invista e traga desenvolvimento. 

Tenho que um país só
cresce com investimento, educação e com muito trabalho.

No entanto, caros amigos, sou também um árduo defensor do desenvolvimento sustentável.
E qual o conceito de desenvolvimento sustentável?

A definição mais
aceita para desenvolvimento sustentável é aquele capaz de suprir as
necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as
necessidades das futuras gerações. 



É o desenvolvimento que não esgota os
recursos para o futuro.

Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. 

Muitas vezes, o desenvolvimento é confundido com crescimento econômico, que depende do consumo crescente de energia e recursos naturais. 

E esse tipo de desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao esgotamento dos recursos naturais, dos quais a humanidade depende. 

Desses recursos depende não só a existência humana e a diversidade biológica, como o próprio crescimento econômico. É uma coisa bem lógica. Até o próprio empreendimento é ameaçado. 

Por óbvio, não sejamos ingênuos.
Qualquer obra humana tem seu impacto ambiental. E essa é uma variável
diretamente proporcional, pois quanto maior o empreendimento, maior o impacto
na natureza.
Por isso, esse tipo de
projeto requer muito planejamento e, necessariamente, uma cabeça voltada para a
proteção do meio ambiente.

Planejamento,
responsabilidade social, compromisso ambiental e com as pessoas são palavras chaves em
empreendimentos grandes e potencialmente agressivos, como é o caso da
exploração de fosfato feita pela Mbac/Itafós na região.

Mais indícios de problemas ambientais 

Hoje recebi mais uma informação de como tem ficado
o Rio Bezerra logo abaixo da represa de água feita pela Itafós.

“Eu
esqueci de ressaltar sobre o odor que está ao redor da barragem. Está pior que
rede de esgoto mal feita. O mau cheiro atinge mais de 2km ao redor do local. O odor é causado tanto pelos peixes
mortos, quanto pelos os produtos que eles jogam no rio. É insuportável
“, diz uma moradora da comunidade, que tem
acompanhado de perto e com muita apreensão a questão da contaminação do rio.

Na ação civil pública representada
pelo Ministério Público Federal contra a empresa, é fácil entender que a Mbac/Itafós
não teve o cuidado necessário de preservação do rio ao construir uma barragem
bem no seu leito.

“A lâmina d’água formada
sobre os rejeitos continuará a existir, visto que a barragem será construída
sobre o leito do rio Bezerra. 

Esta água não deverá, a princípio, ser utilizada
para consumo humano, a menos que o monitoramento constante indique que os níveis
de contaminantes estejam dentro das normas ambientais brasileiras. 

Além disso,
deve se registrar que a barragem de rejeitos não foi construída em um sistema
fechado, mas sim no leito do Rio. 

Portanto, se considerar a
possibilidade de alteração da qualidade da água ao longo de todo trecho do rio
pela acumulação de rejeitos na barragem de fluxo contínuo”, afirmou o procurador
federal Álvaro Lotufo Manzano, na ação civil pública.

Por que a empresa não construiu a barragem bem distante do rio? 

Não sou técnico no assunto, mas é
óbvio que é porque ficaria muito mais caro. 

Imagine bombear água do rio para uma barragem distante e ainda ter que tratar? 

Os rejeitos posteriormente deveriam ser tratados e só
depois devolvidos ao rio.

Mas parece que não é
isso que vem ocorrendo, pelo menos após uma leitura mais atenta da peça do
Ministério Público.

Quero e desejo que a Mbac/Itafós
continue a extrair riqueza e a gerar emprego e renda para muitas famílias.

Mas desejo também que
ela reveja, com urgência e prioridade, a questão da contaminação, altamente reprovável,
do Rio Bezerra, que não pertence à empresa, aos donos de fazenda, aos
posseiros. 


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